24/06/2022 - 16:15
Até agora casos de varíola dos macacos já foram registrados em mais de 40 países, entre eles, Reino Unido, Alemanha e Espanha. O Brasil já confirmou 14 infecções. Nesta quinta-feira (23/06), o Ministério da Saúde contabilizou em São Paulo, pela primeira vez, três casos de transmissão local, ou seja, os pacientes não tinham histórico de viagens para regiões atingidas pelo surto.
A Organização Mundial de Saúde convocou uma reunião de especialistas para decidir se deve declarar o atual surto da varíola dos macacos emergência de saúde global. A declaração é o mais alto nível de alerta que a OMS pode impor. A medida não tem consequências práticas diretas e é expedida no caso de um problema de saúde “grave, repentino, incomum e inesperado” que pode se espalhar para outros países.
A reunião do comitê de emergência da agência da ONU teve início nesta quinta-feira, mas uma decisão sobre o próximo passo pode levar alguns dias.
A declaração de emergência global da OMS significaria, por enquanto, que médicos do mundo todo devem aumentar a atenção e informar seus pacientes sobre a doença. Especialistas dizem que é altamente improvável que a varíola dos macacos se transforme em pandemia. Ao contrário do SARS-CoV-2, o vírus da varíola dos macacos só é transmitido por meio de contato próximo com infectados ou com objetos, como roupa e forro de cama, utilizado por doentes.
Assim, alguns grupos como profissionais de saúde de cuidam de pacientes com varíola dos macacos, amigos e familiares de infectados precisam tomar certas precauções adicionais.
Formas de prevenção
Segundo a OMS, para evitar a transmissão da doença, as seguintes precauções são fundamentais:
evitar o contato com infectados ou quem está com sintomas da doença,
ao manter relações sexuais, usar sempre camisinha,
lavar bem as mãos com água e sabão e usar álcool gel,
tossir e espirrar na dobra do braço,
caso surjam sintomas de erupção cutânea, acompanhada de febre, dor de cabeça e nas articulações, ou sensação de desconforto, procurar imediatamente um médico e fazer um teste.
A OMS também recomenda o isolamento de quem teve diagnóstico de varíola dos macacos confirmado. O isolamento deve durar até o desaparecimento das erupções cutâneas, o que pode levar até quatro semanas. Durante esse período o paciente pode receber tratamento para aliviar os sintomas. Na maioria casos a doença não é grave.
Como vacina pode ajudar
Apesar de sintomas semelhantes, a varíola e a varíola dos macacos são duas doenças diferentes. Graças à vacinação, a varíola foi erradicada no fim da década de 1970. Grande parte da população com mais de 50 anos chegou a tomar o imunizante.
Médicos acreditam que a vacina da varíola tem uma eficácia de 85% contra a varíola dos macacos. Mesmo que ela não previna a infecção, vacinados têm uma proteção maior contra casos graves da doença.
Além disso, já existe uma vacina para a varíola dos macacos, a Imvanex, que é a aprovada em vários países. No entanto, ela não é recomendada para a população em geral para evitar a propagação da doença, mas apenas para grupos de risco.
Na Alemanha, a Comissão Permanente de Vacinação (Stiko, na sigla em alemão) recomenda a vacinação nos seguintes casos:
para quem teve contato com infectados,
para grupos de risco: homens que têm relações homossexuais ou que mudam frequentemente de parceiros, e funcionários de laboratórios que trabalham com amostras para testar infecções do vírus.
A vacinação consiste de duas doses, administradas com ao menos 28 dias de intervalo. Para quem tomou a vacina de varíola quando criança, apenas uma dose é suficiente.
Origem da transmissão
Apesar do nome, os macacos não são os hospedeiros naturais do vírus que causa essa doença. Especialistas acreditam que os principais hospedeiros sejam espécies de roedores africanos, como o rato-gigante-africano, arganaz e esquilos africanos.
Acredita-se que o vírus foi transmitido a humanos pela primeira vez na década de 1970 através do manuseio da carne de caça ou por mordidas e arranhões de animais infectados. Segundo especialistas, o aumento do contato com animais selvagens devido ao desmatamento e à caça ilegal é o grande responsável por surtos de varíola dos macacos.
A doença é endêmica na África. Em outras regiões, o transporte global de animais é uma das principais vias de transmissão. Em 2003, por exemplo, especialistas rastrearam que um pequeno surto nos Estados Unidos teve origem numa loja de animais que recebeu roedores vindos de Gana.
Transmissão entre humanos
A grande maioria dos casos do atual surto não tem relação com viagens feitas à África, indicando que o vírus está sendo transmitido entre humanos. O mecanismo exato de transmissão permanece desconhecido, mas acredita-se que o vírus entre no organismo através de ferimentos, do trato respiratório, olhos, nariz e boca.
A transmissão ocorre pelo contato próximo com um infectado. Em 2022, um conjunto de casos foi detectado entre homens que mantiveram relações homossexuais, criando um estigma de que a doença infectaria apenas esse grupo. A OMS ressalta que qualquer um que tiver um contato próximo com um doente pode ser infectado. Atualmente, ainda não se sabe se a varíola dos macacos é uma doença sexualmente transmissível.