Um estudo publicado na revista PLOS ONE no dia 20 de junho, sugeriu que o comportamento homossexual entre primatas e outros mamíferos é mais comum do que se imaginava. Dos 65 pesquisadores que observaram 52 espécies, 77% já haviam visto relações sexuais do mesmo sexo. As informações são do The Guardian.

Apesar das observações, apenas 48% dos pesquisadores coletaram dados a respeito do comportamento homossexual e 19% publicaram suas descobertas, conforme o estudo. O avistamento de relações do mesmo sexo não é recente e já havia ocorrido quando George Murray Levick realizou uma expedição no Polo Sul entre 1911 e 1912, documentando que pinguins macho frequentemente faziam sexo com seus semelhantes.

Por ser uma informação considerada chocante, a observação esteve fora do relatório oficial da expedição, sendo colocado na literatura científica apenas 50 anos depois.

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Segundo Karyn Anderson, autora do estudo e que integra o Departamento de Antropologia da Universidade de Toronto, no Canadá, foi descoberto que o comportamento homossexual entre animais foi frequentemente observado pelos integrantes da pesquisa. “Uma coisa que eu posso dizer com certeza é que relações do mesmo sexo são difundidas e naturais no reino animal”, pontuou.

O pinguim e o macaco-japonês já foram apontados como espécies símbolo dos casais homossexuais no mundo animal, mas tendem a ser apresentados como “outliers”. Entretanto, a análise recente demonstrou que espécies de ratos, esquilos, quatis, mangustos e outros primatas também apresentam relações do mesmo sexo.

Josh Davis, autor do livro “A Little Gay Natural History” e integrante do Museu de História Natural de Londres, pontuou que é mais raro encontrar um animal puramente heterossexual. “Cerca de 1.500 espécies foram observadas tendo comportamento homossexual, mas isso certamente é uma subestimação, porque é visto em quase todos os ramos da árvore evolutiva”, declarou.

O relações do mesmo sexo entre fêmeas também já foi visto em animais da espécie macaco-japonês, como relata o professor Paul Vasey, psicólogo da Universidade de Lethbridge, em Alberta, no Canadá, que estuda tais espécimes há três décadas. “Posso dizer que em algumas populações, como as que eu estudo, comportamento homossexual ocorre com frequência”, contou, acrescentando que em outros animais tende a ser menos comum e mais difícil de estudar quantitativamente.

No passado, relações do mesmo sexo eram vistas como um “paradoxo Darwiniano”, por aparentemente contradizer a pressão evolutiva dos animais para se reproduzir. Apesar disso, há evidências crescentes de que, em alguns casos, o comportamento homossexual pode trazer algumas vantagens.

Na espécie de cisnes-negros, casais de machos frequentemente cortejam um ao outro, roubam ovos e criam filhotes juntos, tendo mais sucesso em garantir a sobrevivência da prole do que os heterossexuais.