Do Disco de Festo ao desafio Kryptos, muitos quebra-cabeças globais continuam sem resposta mesmo tendo sido criados há décadas. Especialistas indicam que há mais mistérios em certos códigos do que apenas uma solução simples – muitos enigmas ainda podem revelar informações milenares.

Confira seis códigos secretos indecifráveis

Disco de Festo

O artefato, feito de argila cozida, foi descoberto pela primeira vez em 1908. A tábua é carimbada com 241 impressões, revelando 45 símbolos diferentes e data de 3.000 anos atrás – especialistas acreditam que ela tenha se originado de uma antiga civilização minoica, em Creta, Grécia.

Suas inscrições são agrupadas por linhas verticais e podem retratar pessoas, objetos, animais, plantas e ferramentas antigas – a transcrição dos símbolos e sua função permanece um mistério para os arqueólogos. As primeiras leituras sugeriram que os códigos podem se relacionar com um sacrifício animal realizado na ilha, mas a ideia foi rebatida por um estudo de 2004 que indicou que o disco pode detalhar uma disputa de terra.

Até o momento, nenhuma interpretação é universalmente aceita, já que os cientistas não identificaram uma língua correspondente às figuras, mantendo os segredos do Disco de Festo incompreensíveis.

O Códex de Rohonc

O livro ilustrado de 448 páginas foi encontrado pela primeira vez em 1838 na coleção do Conde Gusztav Batthyany, da Hungria. A origem do manuscrito e sua intenção permanecem secretas, mas os historiadores supõem que ele tenha sido produzido no norte da Itália no século XVI.

As páginas da publicação são preenchidas por textos de caligrafia desconhecida e ilustrações religiosas grosseiras. A maior dificuldade que o código apresenta é o tamanho de seu alfabeto, contando com 800 símbolos, dos quais 100 aparecem com maior frequência.

As interpretações mundiais variam de um texto religioso censurado a um livro de feitiços mágicos. Porém, ninguém ainda foi capaz de usar técnicas criptográficas para traduzir qualquer parte do texto – o que indica que os historiadores só podem especular sobre o significado do escrito e sua linguagem.

A inscrição de Shugbourgh

Uma das construções de Shugborough Hall, em Staffordshire, contém uma transcrição misteriosa conhecida como Monumento Shepard. O quebra-cabeça consiste nas letras ‘OUOSVAV V’, emolduradas pelas letras ‘D’ e ‘M’ um pouco mais baixo. Além de um relevo espelhado de uma pintura de Nicolas Poussin, intitulada “Os Pastores da Arcádia”, que ilustra uma mulher e três pastores ao redor de um túmulo.

O monumento foi erguido entre 1748 e 1763 pelo escultor flamengo Peter Schee, a pedido do parlamentar britânico Thomas Anson. Ninguém ainda foi capaz de decifrar o que as letras representam ou se há um significado maior por trás do objeto.

Alguns teóricos tentaram associar as letras às primeiras palavras de uma frase acróstica, podendo revelar uma dedicatória codificada à falecida esposa de George Anson – foi proposto que as letras indiquem: “Optimae Uxoris Optimae Sororis Viduus Amantissimus Vovit Virtutibus”, que traduz para “Melhor das esposas, melhor das irmãs, um viúvo muito devotado dedica [isto] às suas virtudes”.

Sem mais evidências da época em que ela foi criada, há grande chance que a inscrição nunca seja resolvida.

Os documentos de Beale

Os escritos apelidados de “Beale Papers” apareceram pela primeira vez em um panfleto de 1885, publicado pelo cidadão de Lynchburg, James Ward. Especialistas acreditam que o documento seja a última pista conhecida de um tesouro, que vale mais de 60 milhões de dólares.

O manuscrito conta com diversas fileiras compostas por números que os decifradores modernos identificaram ser uma cifra – um tipo de código que substitui letras em uma mensagem de acordo com um conjunto de regras determinadas.

Quando os códigos foram publicados, Ward mostrou que uma cópia da Declaração de Independência poderia ser usada como chave para quebrar algumas das letras. Contudo, o mecanismo para as duas últimas letras que revelam a localização do tesouro ainda não foi encontrado.

O código Tamam Shud

Em 1º de dezembro de 1948, autoridades australianas encontraram o corpo de um homem bem vestido e sem identificação escorado contra o paredão de Somerton Beach, em Adelaide, na Austróalia. A única evidência que os policiais encontraram estava no bolso do homem, um papel com as palavras persas “Tamam Shud”, que significa “Está feito”.

Foi revelado que a frase é a parte final de um livro de poemas. Os oficiais perguntaram ao público da cidade se alguém tinha uma cópia do livro com a última página arrancada e, curiosamente, um homem se apresentou dizendo ter encontrado um exemplar jogado no banco de trás de seu carro, perto de onde o ‘Homem de Somerton’ havia sido encontrado – além da página arrancada, a cópia também estava coberta de uma escrita incoerente.

Apesar dos esforços de analistas e decifradores de códigos, ninguém conseguiu decifrar o que a mensagem pode significar. O caso de 70 anos foi arquivado e muitos especulam que o homem possa ter sido um espião ou vítima do crime organizado da área.

O desafio Kryptos da CIA (Agência Central de Inteligência)

Durante a construção do edifício-sede da CIA em Washington, na década de 1990, a agência criou um grande pilar de madeira com uma tela de cobre em forma de S encaixada – o monumento ganhou o nome de “Kryptos”. Na tela, o escultor James Sanbor esculpiu 1.735 letras alfabéticas para criar quatro códigos complexos.

De acordo com a empresa, as três primeiras mensagens usam um tipo de código chamado “Vigeneries Tableaux”, desenvolvido pelo criptógrafo francês Blaise de Vigenere no século XVI. Os dois primeiros quebra-cabeças, são considerados simples e podem ser decifrados por criptógrafos iniciantes.

Contudo, os dois últimos são significativamente mais difíceis, apenas três passagens foram traduzidas até o momento – revelando um poema de criação do próprio Sanbor, uma alusão a algo enterrado e uma passagem do diário do arqueólogo Howard Carter descrevendo a abertura de uma porta no túmulo do Rei Tut.

Nos últimos anos, a CIA afirmou que a quarta seção é a mais complicada e possui um método criptográfico específico. Em 2020, Sanbor deu uma dica aos decifradores, a palavra ‘NORDESTE’.