20/06/2025 - 16:53
Uma espécie de mosca já erradicada no passado parece ter voltado a assombrar regiões da América do Norte e Central. Conhecido como “bicheira-do-Novo Mundo”, trata-se de um inseto carnívoro que deposita larvas parasitas em diferentes espécies de animais – e até humanos.
A doença causada pela mosca acontece quando uma fêmea é atraída pelo odor de alguma ferida e, quando localiza o alvo, coloca suas larvas no machucado. As larvas, por suas vez, entram no tecido vivo do hospedeiro e o devoram internamente de forma agressiva. As consequências são múltiplas e, em última instância, podem levar à morte.
Com nome científico de Cochliomyia hominivorax, a mosca-bicheira foi um problema severo na década de 1960. Estima-se que, naquela época, ocorriam cerca de 1 milhão de casos anuais nos gados do estado do Texas, Estados Unidos. Para acabar com a praga, cientistas utilizaram um método conhecido como técnica do Inseto Infértil (SIT).
Essa estratégia consiste em liberar bilhões de moscas macho estéreis no ambiente da epidemia. Isso porque as fêmeas dessa espécie acasalam apenas uma vez antes de depositar os ovos – então, ao copularem com parceiros inférteis, ficam impossibilitadas de produzir ovos viáveis. Com ajuda do clima frio e tratamento químico, as bicheira-do-Novo Mundo foram erradicadas nos EUA em 1982.
Por que a mosca-bicheira voltou?
Ao longo dos anos, uma instalação do Panamá liberava machos inférteis de forma regular. Assim, a proliferação da bicheira-do-Novo Mundo ficava controlada.
Porém, desde 2022 a história mudou: a espécie se espalhou novamente para o norte e por vários países da América Central. Os casos ampliaram significativamente no Panamá em 2023 e a praga chegou ao México em novembro de 2024.
A explicação para isso ainda não é clara. Especialistas possuem hipóteses diferentes, que incluem o aumento de temperatura e adaptação do comportamento das moscas – que podem ter aprendido a acompanhar o movimento do gado ou evitar parceiros sexuais estéreis.
Além das milhões de cabeças de gado da América do Norte e Central colocadas em risco, os humanos também podem ser contaminados pelas mosca e casos já foram registrados em 2025.
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Medidas preventivas
Os governos dos EUA, países da América Central e do México estão trabalhando em conjunto para intensificar a vigilância e erradicar a bicheira-do-Novo Mundo, aumentando a liberação de insetos inférteis. Mais de 100 milhões indivíduos são liberados por semana do Panamá – porém, para a campanha de erradicação ser bem-sucedida, o número necessário pode ser muito maior.
Além disso, os EUA também restringiram temporariamente a importação de animais vivos do México.