16/02/2022 - 11:52
Pesquisadores do Guardian Robot Project do instituto de pesquisas Riken (Japão) criaram uma criança androide chamada Nikola que transmite com sucesso seis emoções básicas. O novo estudo, publicado na revista Frontiers in Psychology, testou quão bem as pessoas podem identificar seis expressões faciais – felicidade, tristeza, medo, raiva, surpresa e nojo – que foram geradas movendo “músculos” no rosto de Nikola. Esta é a primeira vez que a qualidade da emoção expressa pelo androide foi testada e verificada para essas seis emoções.
Rosie, a empregada robô, foi considerada ficção científica quando estreou no desenho animado Os Jetsons há mais de 50 anos. Embora a realidade do robô útil seja atualmente mais ciência e menos ficção, ainda existem muitos desafios que precisam ser superados, incluindo a capacidade de detectar e expressar emoções. O estudo recente, liderado por Wataru Sato, do Guardian Robot Project do Riken, concentrou-se na construção de um robô humanoide, ou androide, que pode usar seu rosto para expressar uma variedade de emoções. O resultado é Nikola, uma cabeça de androide que parece um menino calvo.
Dentro do rosto de Nikola estão 29 estimuladores pneumáticos que controlam os movimentos dos músculos artificiais. Outros seis estimuladores controlam os movimentos da cabeça e do globo ocular. Os estimuladores pneumáticos são controlados pela pressão do ar, o que torna os movimentos silenciosos e suaves. A equipe colocou os estimuladores com base no Facial Action Coding System (Facs), que tem sido usado extensivamente para estudar expressões faciais.
Pesquisas anteriores identificaram várias unidades de ação facial – como “elevador de bochecha” e “enrugador dos lábios” – que compreendem emoções típicas como felicidade ou desgosto. Os pesquisadores incorporaram essas unidades de ação no design de Nikola.
Nikola expressando as seis emoções. Estimuladores pneumáticos movem os “músculos” em seu rosto. Crédito: Riken
Expressões compreensíveis
Normalmente, os estudos de emoções, particularmente como as pessoas reagem às emoções, têm um problema. É difícil fazer um experimento devidamente controlado com pessoas ao vivo interagindo, mas, ao mesmo tempo, ver fotos ou vídeos de pessoas é menos natural e as reações não são as mesmas. “A esperança é que, com androides como Nikola, possamos fazer nosso bolo e comê-lo também”, disse Sato. “Podemos controlar todos os aspectos do comportamento de Nikola e, ao mesmo tempo, estudar as interações ao vivo.” O primeiro passo foi ver se as expressões faciais de Nikola eram compreensíveis.
Uma pessoa certificada na pontuação Facs foi capaz de identificar cada unidade de ação facial, indicando que os movimentos faciais de Nikola se assemelham com precisão aos de um ser humano real. Um segundo teste mostrou que as pessoas comuns podiam reconhecer as seis emoções prototípicas – felicidade, tristeza, medo, raiva, surpresa e nojo – no rosto de Nikola, embora com precisões variadas. Isso ocorre porque a pele de silicone de Nikola é menos elástica que a pele humana real e não pode formar rugas muito bem. Assim, emoções como nojo foram mais difíceis de identificar porque a unidade de ação para enrugar o nariz não pôde ser incluída.
“No curto prazo, androides como Nikola podem ser importantes ferramentas de pesquisa para a psicologia social ou mesmo para a neurociência social”, disse Sato. “Em comparação com os humanos, os androides são bons em controlar comportamentos e podem facilitar a investigação empírica rigorosa das interações sociais humanas.”
Ajuda a pessoas com necessidades físicas
Como exemplo, os pesquisadores pediram às pessoas que avaliassem a naturalidade das emoções de Nikola, pois a velocidade de seus movimentos faciais era controlada sistematicamente. Os pesquisadores descobriram que a velocidade mais natural era mais lenta para algumas emoções, como tristeza, do que para outras, como surpresa.
Embora Nikola ainda não tenha um corpo, o objetivo final do Guardian Robot Project é construir um androide que possa ajudar as pessoas, particularmente aquelas com necessidades físicas que possam viver sozinhas. “Androides que podem se comunicar emocionalmente conosco serão úteis em uma ampla gama de situações da vida real, como cuidar de idosos, e podem promover o bem-estar humano”, afirmou Sato.