07/12/2023 - 11:14
Em vários cantos do mundo, judeus dão início às comemorações e iluminam casas e sinagogas durante oito dias. Conheça as origens, significados e tradições da famosa Festa das Luzes.Ano após ano, lares judaicos de todo o mundo se enchem de luz para comemorar o Chanucá, um importante feriado do judaísmo, também conhecido como Festa das Luzes. A celebração tem início no dia 25 do mês judaico de Kislev, e se estende por oito dias consecutivos. Em 2023, no calendário gregoriano, a festa começou na noite desta quinta-feira (07/12) e deverá durar até 15 de dezembro.
Em hebraico, a palavra “chanucá” significa “dedicação”. A festividade comemora a vitória da luz contra a escuridão, a preservação do espírito de Israel e a liberdade religiosa. Os judeus aproveitam o feriado para se reunir em família, recitando bençãos e cânticos de louvor.
O principal símbolo da Festa das Luzes é a chanuquiá, um candelabro com oito braços menores, e um mais alto ao centro. No entardecer do primeiro dia de Chanucá, os judeus acendem a primeira das oito velas. Em cada noite subsequente, acrescenta-se uma nova vela à esquerda, até que o candelabro esteja completamente aceso ao fim de oito dias.
O momento de acender a chanuquiá costuma reunir todos os membros da família – e as crianças também podem ajudar, desde que sejam capazes de segurar as velas com segurança. Por ter um propósito sagrado, a luz não pode ser usada para nenhum outro fim, como leitura ou trabalho.
Atualmente, há vários costumes sobre onde posicionar a chanuquiá – alguns judeus a colocam sobre uma mesa ou no lado esquerdo da porta de entrada. O local mais comum, porém, é próximo a janelas, de modo que o candelabro fique de frente para a rua. Isso porque, segundo o costume, é preciso espalhar a luz.
Todos os anos, uma chanuquiá de dez metros de altura – a maior da Alemanha – é colocada em frente ao Portão de Brandemburgo, em Berlim, durante todo o período de Chanucá. Candelabros semelhantes também são erguidos em frente à Casa Branca, em Washington, na Praça Vermelha, em Moscou, e na Avenida Paulista, em São Paulo.
A origem da tradição
O hábito de acender as oito velas está baseado em uma história do ano 165 a.C, descrita em livros como o Talmude. Nessa época, Israel era governado pelo rei assírio Antíoco 4º, um tirano que impôs a cultura helenística e teria proibido os “judeus de serem judeus”.
Com um pequeno exército, os rebeldes, conhecidos como macabeus, reconquistaram o Templo Sagrado de Jerusalém e conseguiram restaurar a cultura judaica. Foi durante a reconquista que, para os judeus, ocorreu o “milagre da luz”.
Para purificar o templo após a retomada, seria preciso acender ali, com azeite puro, a Menorá – um candelabro de sete braços. Mas os macabeus encontraram somente uma pequena ânfora com o óleo, em quantidade suficiente para durar apenas um dia.
Segundo a lenda, entretanto, a chama permaneceu milagrosamente acesa por oito dias, tempo necessário para que os macabeus conseguissem produzir um novo azeite. Desde então, a Festa das Luzes é celebrada pelos judeus durante o mesmo período.
Costumes da festividade
Cada comunidade carrega suas tradições únicas de Chanucá, mas há alguns costumes que são praticados mundialmente pelos judeus durante o período de festas, incluindo o próprio acender das velas, algumas tradições culinárias e jogos específicos para crianças.
Como o feriado comemora o milagre do óleo, é tradicional servir comidas fritas nas sinagogas e nos encontros em casa. O menu típico inclui sonhos (sufganiyot) e panquecas de batata ralada (latkes). Costume menos difundido, mas ainda assim presente, é preparar pratos à base de laticínios, como bolinhos de queijo.
Outra tradição da Festa das Luzes é o jogo do pião (dreidl ou sevivon, em iídiche), onde estão escritas – em hebraico – as primeiras letras da frase “Aconteceu um grande milagre”. As crianças jogam o pião e, dependendo da letra que se revelar, podem ganhar dinheiro.
O Natal dos judeus?
Chanucá é considerado um dos feriados judaicos menos importantes, já que não está relatado na Torá – escrituras religiosas do judaísmo. Mas, por conta de sua proximidade com o Natal do cristianismo, a festa ganhou maior significado nos últimos tempos.
A troca de presentes, por exemplo, comum no feriado que celebra o nascimento de Jesus, acabou se tornando parte intrínseca da Festa das Luzes.
Para muitos pais judeus que vivem em países cristãos, trazer importância ao Chanucá, tornando-o um evento especial, é uma forma de fazer com que os filhos não se sintam excluídos de toda a festividade que ocorre ao seu redor durante o Natal.