Plano inclui o envio de força internacional e uma rota para futuro Estado palestino. Governo de Israel e Autoridade Palestina saúdam decisão. Hamas rejeita resolução, afirmando que ela “impõe tutela” ao território.O Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução dos EUA que reforça o plano de paz para a Faixa de Gazaapresentado pelo presidente americano, Donald Trump , o qual inclui o envio de uma força internacional e um caminho para um futuro Estado palestino.

O texto, que Washington descreveu como “histórico e construtivo”, recebeu nesta segunda-feira (17/11) 13 votos a favor, com abstenções da Rússia, da China e nenhum veto.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu , afirmou nesta terça-feira que a aprovação “conduzirá à paz” porque estabelece “a desmilitarização total, o desarmamento e a desradicalização” do território palestino. Em mensagem publicada no X em inglês, Netanyahu felicitou Trump pela aprovação da resolução.

A presidência da Autoridade Nacional Palestina (ANP) celebrou a adoção e urgiu que seja implementada “imediatamente no terreno” para garantir o retorno à normalidade no enclave.

Em um comunicado publicado pela agência de notícias oficial palestina Wafa, a ANP – que governa de forma limitada na Cisjordânia devido à ocupação israelense – destaca que a resolução estabelece “o direito do povo palestino à autodeterminação e ao estabelecimento de seu Estado independente”.

“O Estado da Palestina reitera sua afirmação de estar disposto a assumir plenamente suas responsabilidades na Faixa de Gaza, no âmbito da unidade de território, povo e instituições, considerando a Faixa parte integrante do Estado da Palestina”, ressalta.

China e Rússia se abstiveram

A resolução foi aprovada com 13 votos a favor e as abstenções de China e Rússia. O embaixador dos EUA nas Nações Unidas, Mike Waltz, afirmou que “a resolução representa mais um passo significativo que permitirá a prosperidade de Gaza e um ambiente que permitirá a Israel viver em segurança”.

O texto, revisado diversas vezes como resultado de negociações de alto nível, “endossa” o plano do presidente Trump, que possibilitou um frágil cessar-fogo entre Israel e o Hamas no território palestino devastado pela guerra.

Conselho e força de paz

Grande parte da Faixa de Gaza foi reduzida a escombros após dois anos de combates e bombardeios, desencadeados pelo ataque do Hamas ao território israelense em 7 de outubro de 2023.

O plano de paz autoriza a criação de uma Força Internacional de Estabilização (FIE) que trabalharia com Israel e Egito, juntamente com policiais palestinos recém-treinados, para ajudar a garantir a segurança das áreas de fronteira e desmilitarizar a Faixa de Gaza.

A FIE tem o mandato de trabalhar no “desarmamento permanente de grupos armados não estatais”, proteger civis e garantir corredores de ajuda humanitária.

Também autoriza a formação de um “Conselho de Paz”, um órgão governamental de transição para Gaza – teoricamente presidido por Trump – com mandato até o final de 2027. A resolução também menciona um possível futuro Estado palestino.

Hamas: resolução “impõe tutela” à Faixa de Gaza

A resolução foi rejeitada pelo grupo islâmico Hamas, para quem o desarmamento é um assunto “interno” e tal força não deve encarregar-se dele porque, se o fizer, deixará de ser neutra.

Considerado uma organização terrorista por Israel e outros países, o movimento radical palestino lamentou a adoção da resolução, afirmando que ela “não responde às demandas e aos direitos” dos palestinos.

“A resolução impõe um mecanismo de tutela internacional à Faixa de Gaza, que nosso povo, suas forças e seus membros rejeitam, e impõe um mecanismo destinado a alcançar os objetivos de Israel”, declarou o Hamas em um comunicado à imprensa.

md/cn (EFE, AFP)