Capital alemã realizou um novo pleito neste domingo, após o anterior ter sido anulado pela Justiça por problemas de organização. Social-democratas sofrem derrota, mas ainda têm chance de seguir no governo local.O Partido Social-Democrata alemão (SPD), do chanceler federal Olaf Scholz, sofreu uma derrota nas eleições de Berlim neste domingo (12/02), que tiveram de ser refeitas após a Justiça anular o pleito anterior, realizado em setembro de 2021 e marcado por grande desorganização.

Projeção divulgada pela infratest dimap às 19h29 da Alemanha (15h29 do Brasil) coloca os conservadores da União Democrata Cristã (CDU) em primeiro lugar, com 27,8% dos votos. Em seguida vêm o Partido Verde e o SPD, com 18,7% cada um. O partido A Esquerda teve 12,1%, e a legenda de ultradireita Alternativa para a Alemanha pontuou 9%.

As eleições anteriores foram invalidadas pelo Tribunal Constitucional de Berlim devido a uma série de problemas, como horas de espera em filas para votar, zonas eleitorais sem cédulas suficientes e zonas eleitorais com cédulas erradas. Foi a primeira vez que uma eleição local na Alemanha foi declarada inválida por questões organizacionais.

Nessa eleição anterior, o SPD havia saído vitorioso, com 21,4% dos votos, e montado uma coalizão com os verdes e o partido A Esquerda, comandada pela social-democrata e atual prefeita Franziska Giffey, que tentava se manter no cargo. A CDU havia ficado em terceiro lugar, com 18% dos votos.

Resultado histórico para a CDU

É a primeira vez em mais de 20 anos que a CDU supera o SDP como maior força política na capital alemã, que é uma cidade-estado. A última vez que os conservadores haviam sido o partido mais votado em Berlim foi em 1999.

A CDU beneficiou-se de insatisfação crescente entre os moradores de Berlim com problemas na gestão pública da cidade e a falta de soluções para a crise de falta de moradia.

O candidato da CDU para prefeito de Berlim, Kai Wegner, disse que as urnas haviam dado um “claro mandato governamental” para seu partido e tentará montar uma coalizão em torno de seu nome.

Os conservadores fizeram uma campanha com foco em temas de segurança e ordem pública, impulsionada por episódios de ataques a veículos de bombeiros durante a noite de Réveillon que provocaram indignação na Alemanha.

Nova coalizão ainda incerta

A social-democrata Giffey reconheceu a derrota e disse que os resultados mostraram que os berlinenses não estavam satisfeitos com sua gestão, mas ressalvou que teve apenas um ano de governo para mostrar serviço.

Apesar da clara liderança da CDU, ainda não é certo que os conservadores liderarão o novo governo, pois precisam ter o apoio dos verdes ou dos social-democratas para montar uma coalizão.

A candidata líder do Partido Verde, Bettina Jarasch, expressou o desejo de manter a coalizão com o SPD e A Esquerda, mas agora com os verdes no comando. O líder do A Esquerda, Klaus Lederer, também disse ter interesse em reeditar a mesma coalizão.

O novo governo comandará Berlim por três anos e meio, até as próximas eleições, que serão realizadas junto com as eleições nacionais.

bl (AP, ots)