27/10/2025 - 11:28
Estudo indica que reduzir o consumo de açúcar na gravidez e nos 2 primeiros anos de vida diminui o risco de doenças do coração na vida adulta.Restringir o açúcar na infância traz benefícios duradouros para o coração na vida adulta, sugere um novo estudo publicado no British Medical Journal.
Especialistas de nove países identificaram que adultos que foram expostos a uma dieta com pouco açúcar nos mil primeiros dias desde a concepção, ou seja, durante a gestação e nos dois primeiros anos de vida, têm menor probabilidade de sofrer doenças como ataque cardíaco, insuficiência cardíaca e derrame.
Para tais conclusões, os pesquisadores analisaram dados sobre um período durante a Segunda Guerra Mundial em que houve racionamento de açúcar no Reino Unido.
Com informações obtidas no biobanco britânico UK Biobank, a equipe examinou informações de 63.433 pessoas nascidas entre outubro de 1951 e março de 1956, sem histórico de doenças cardíacas.
O estudo também incluiu 40.063 pessoas que foram expostas ao racionamento de açúcar (que durou de 1940 a 1953) e outras 23.370 que não foram. Os registros médicos foram revisados em busca de casos de doenças cardíacas, infartos, insuficiência cardíaca, arritmias, derrames e mortes por essas causas.
Resultados: menor risco de problemas cardíacos
Em comparação com as pessoas que nunca foram expostas ao racionamento, aquelas que tiveram restrições de açúcar enquanto estavam na barriga da mãe e durante os dois primeiros anos de vida apresentaram: 20% menos risco de doença cardíaca, 25% menos risco de infarto, 26% menos risco de insuficiência cardíaca, 24% menos risco de fibrilação auricular, 31% menos risco de acidente cerebrovascular e 27% menos risco de morte cardiovascular.
Quanto maior o período de racionamento, menores os riscos cardíacos, em parte devido à menor incidência de diabetes e pressão arterial mais baixa.
Estes adultos também registraram períodos mais longos sem problemas cardíacos, até dois anos e meio a mais, do que aqueles que não enfrentaram racionamento.
Durante esse período, a ingestão de açúcar para todos, incluindo gestantes e crianças, foi limitada a menos de 40 gramas por dia, e o açúcar adicionado não era permitido na dieta de bebês menores de dois anos.
“Os primeiros mil dias após a concepção são uma janela crítica na qual a nutrição molda o risco cardiometabólico ao longo da vida”, concluiu a equipe, liderada por pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong e da Escola de Medicina de Boston (EUA).
A equipe lembra que muitos bebês e crianças consomem açúcares adicionados em excesso por meio da dieta materna, fórmulas infantis e os primeiros alimentos sólidos. “A restrição precoce de açúcar foi associada a menores riscos de ataque cardíaco, insuficiência cardíaca, fibrilação atrial, derrame e mortalidade cardiovascular”, conclui.
Ip (DPA, OTS)
