30/03/2022 - 12:39
Analistas sul-coreanos e americanos dizem que teste com míssil balístico intercontinental Hwasong-17 teria sido simulado pelo regime de Kim Jong-un, após fracasso do lançamento real dias antes.Autoridades militares sul-coreanas afirmam nesta quarta-feira (30/03) que o lançamento de um míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês), realizado pela Coreia do Norte na semana passada, teria sido falso.
Segundo analistas, o objetivo da simulação teria sido evitar reações negativas dentro do país, após o fracasso da tentativa real de lançamento.
A imprensa estatal norte-coreana exaltou o “milagroso” teste com o ICBM Hwasong-17, o chamado “míssil monstro”, no dia 24 de março, com fotos e imagens de vídeo do líder norte-coreano, Kim Jong-un, supervisionando pessoalmente o lançamento.
Segundo os norte-coreanos, o Hwasong-17 teria chegado a uma altitude de mais de 6.200 quilômetros, em um voo que durou 67 minutos e alcançado uma distância de 1.090 quilômetros, até atingir um alvo no mar.
Mas, autoridades da Coreia do Sul e dos Estados Unidos concluíram que o míssil utilizado teria sido um Hwasong-15, um modelo menor e mais antigo, segundo informações do Ministério da Defesa sul-coreano. Washington ainda não se pronunciou publicamente sobre caso, enquanto o Pentágono ainda analisava as provas.
A Coreia do Norte testou o Hwasong-15 em novembro de 2017, antes de suspender os testes com ICBMs até o lançamento na semana passada. Em abril de 2018, Kim Jong-un havia dito que Pyongyang “não precisava mais” testar mísseis de longo alcance e armas nucleares, antes de se reunir duas vezes com o então presidente americano Donald Trump.
Propaganda do regime de Pyongyang
Pyongyang disse que o lançamento do Hwasong-17 iria “mostrará claramente o poder de nossa força estratégica para todo o mundo mais uma vez”, e que a Coreia do Norte estava “totalmente pronta” para “conter quaisquer tentativas militares por parte dos imperialistas americanos”.
Mas, analistas independentes perceberam algumas discrepâncias nas imagens de vídeo e fotografias divulgadas pelo regime norte-coreano, afirmando que as sombras, as condições do tempo e outros fatores sugerem que se tratava de um outro teste, possivelmente, do lançamento frustrado de 16 de março.
Um relatório do Ministério da Defesa em Seul, ao qual a agência de notícias Reuters teve acesso, afirma que “a escolha pelo Hwasong-15, mais confiável após o sucesso do teste em 2017, deve ter o propósito de impedir rumores e assegurar a estabilidade do regime, ao divulgar uma imagem de sucesso no prazo mais curto possível, após os moradores de Pyongyang testemunharem o fracasso do lançamento do dia 16 de março”.
O teste falso pode ter sido realizado com o objetivo de reforçar o status norte-coreano como potência militar e aumentar o poder de barganha nas negociações com a Coreia do Sul, os Estados Unidos e a comunidade internacional, diz o documento.
Os analistas sul-coreanos e americanos disseram que testes realizados em 27 de fevereiro e 5 março, que envolveram o sistema Hwasong-17, seriam, provavelmente, uma preparação para um lançamento do míssil. Pyongyang, porém, jamais reconheceu publicamente a realização do lançamento do dia 16 de março ou o fracasso do teste.
Teste fracassado
Um parlamentar sul-coreano afirma que, após o teste fracassado, destroços do míssil teriam chovido sobre Pyongyang, e que isso levou o regime a contar uma “grande mentira” para tentar evitar uma imagem negativa junto à opinião pública.
O Hwasong-17 foi revelado pela primeira vez em um desfile militar em outubro de 2020, mas seu primeiro lançamento deveria ter ocorrido em março deste ano, de acordo com o 38 North, um think tank sediado nos EUA.
Um ICBM é um míssil guiado projetado para carregar ogivas nucleares com um alcance de 5.500 a 16.000 quilômetros, embora também possa levar outras cargas, e são muito mais rápidos e têm um alcance muito maior do que outros tipos de mísseis balísticos.
rc (Reuters, AFP)