14/07/2021 - 15:34
Pesquisadores da Eslovênia e da Alemanha descobriram evidências do uso mais antigo conhecido de cosméticos em uma escavação nos Bálcãs. Os cosméticos estavam em pequenos frascos de cerâmica datados de entre 4350 e 4100 a.C., e foram criados e usados por caçadores-coletores do Neolítico denominados lasinjas. Os cientistas descrevem suas descobertas em artigo publicado na revista Journal of Archaeological Science: Reports.
Em 2014, um dos pesquisadores, o arqueólogo Bine Kramberger, do Instituto de Proteção do Patrimônio Cultural da Eslovênia, descobriu uma pequena garrafa em uma escavação em Zgornje Radvanje, Eslovênia. Outros escavadores descobriram garrafas semelhantes logo depois e, nos anos seguintes, mais de uma centena de garrafas foram achadas na região.
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Uma análise inicial indicou que, pelo tamanho, as garrafinhas seriam algum tipo de brinquedo infantil ou frascos de remédios. Notou-se também que os frascos tinham orifícios nas alças, o que sugere que seriam amarrados e pendurados na cintura, ou talvez em volta do pescoço.
Aplicação na pele
O estudo atual envolveu uma análise em detalhes do conteúdo encontrado em mais de uma dúzia de garrafas. Foram identificados traços de cerusita, também conhecida como carbonita ou “chumbo branco”. Registrada em recipientes de vários lugares ao redor do mundo ao longo da história, a cerusita foi usada até em tintas modernas. Seu emprego foi interrompido quando se descobriu que ela intoxicava as crianças que o consumiam.
Os pesquisadores também observaram que havia ferramentas de pedra compridas e finas nas proximidades de muitas das garrafinhas. Elas seriam possivelmente usadas para extração do conteúdo. Foram encontrados ainda em meio ao conteúdo pequenos pedaços de gordura animal, cera de abelha e óleos vegetais nas garrafas, indicativos de materiais destinados à aplicação na pele.
Os achados tornam os pequenos frascos eslovenos a evidência mais antiga conhecida do uso de cosméticos na Europa – algo bem mais remoto do que casos registrados na Mesopotâmia e no Egito, inclusive. Kramberger comemorou o feito, observando que é muito raro poder encontrar e analisar conteúdos como o que foi feito nesse estudo.