07/08/2020 - 19:03
Aplicando a teoria da renovação em probabilidade para reduzir o viés de memória em relatos de casos iniciais, cientistas chegaram a uma nova estimativa para o período de incubação da covid-19. Sua estimativa média de 7,76 dias, mais longa do que as estimativas anteriores de 4 a 5 dias, envolve a maior quantidade de amostras de pacientes até o momento em tal análise. O estudo foi publicado na revista “Science Advances”.
Ao fornecerem às autoridades de saúde um número potencialmente mais preciso para o período de incubação, os resultados podem informar as diretrizes para esforços de contenção, como quarentenas e estudos que investigam a transmissão da doença.
Os países e as autoridades de saúde implementaram várias medidas de contenção, como quarentenas, para retardar a disseminação da covid-19. Para funcionar com eficácia, essas estratégias dependem da compreensão do período de incubação da doença, ou o tempo entre alguém se infectar e apresentar os primeiros sintomas da doença, e o quanto isso varia de indivíduo para indivíduo.
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Abordagem mais precisa
No entanto, os pesquisadores não têm uma estimativa confiável do período de incubação da covid-19. As poucas estimativas existentes, de 4 a 5 dias, foram baseadas em amostras pequenas, dados limitados e autorrelatos que poderiam ser influenciados pela memória ou julgamento do paciente ou entrevistador.
No estudo publicado na “Science Advances”, Jing Qin, do National Institute of Allergy and Infectious Diseases (Niaid, dos Estados Unidos) e colegas da Universidade de Pequim e do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças (China) desenvolveram uma abordagem de baixo custo para estimar os períodos de incubação e aplicaram-na a 1.084 casos confirmados de covid-19 que tinham histórias conhecidas de viagens ou residência em Wuhan, China. Sua abordagem melhora a precisão ao confiar em um banco de dados público de datas de infecção e usa a teoria da renovação na probabilidade para reduzir o viés de memória – a lembrança imprecisa de eventos passados.
A equipe concluiu que o período de incubação médio foi de 7,75 dias, com 10% dos pacientes apresentando um período de incubação de 14,28 dias. Os autores do estudo observam que esta última descoberta pode preocupar as autoridades de saúde que dependem da quarentena padrão de 14 dias. Mas eles alertam que sua abordagem se baseia em várias suposições e pode não se aplicar a casos posteriores em que o vírus pode ter sofrido mutação.