23/10/2019 - 15:02
Pesquisadores americanos descobriram que o efeito placebo, pelo qual um tratamento médico sem ingrediente ativo funciona, é “contagioso” e pode ser transmitido de médicos para pacientes. Se os primeiros acreditam na eficácia de um tratamento e refletem essa crença em suas expressões faciais, seus pacientes podem sentir menos dor, sugere o artigo sobre o estudo, publicado na revista “Nature Human Behavior”.
Essa descoberta pode influenciar a maneira como os profissionais são treinados para interagir com os pacientes. Em experiências anteriores, as expectativas criadas pelo placebo provocaram mudanças poderosas no cérebro, liberando os analgésicos internos do próprio corpo ou “opioides endógenos”, que a seguir obtiveram o resultado desejado.
Luke Chang, do Dartmouth College, e seus colegas conduziram três experimentos para entender como as crenças de provedores hipotéticos podem afetar a resposta à dor dos participantes experimentais agindo como pacientes. Os autores designaram 194 alunos de psicologia para o papel de “médico” ou “paciente” e deram a cada “médico” dois géis para administrar aos pacientes. Os “médicos” foram levados a acreditar que um dos cremes era “thermedol”, eficaz na redução da dor, e que o outro era um placebo. Na realidade, ambos eram placebos.
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Tratamento antigo e poderoso
Os autores descobriram que, quando os “médicos” administravam o creme que acreditavam ser eficaz, os pacientes relatavam níveis mais baixos de dor, expressavam menos dor na face e tinham uma resposta significativamente diferente à reação da pele. Os autores observaram que as expressões faciais dos médicos também eram diferentes, dependendo do gel que estavam aplicando, o que sugere um possível mecanismo para esse efeito.
“Esta descoberta (…) destaca a importância do treinamento explícito de maneira ao lado da cama ao fornecer informações e intervenções”, escreveram os autores. “Os recursos investidos na descoberta de novos tratamentos devem ser complementados por investimentos adicionais na compreensão dos mecanismos subjacentes a um dos tratamentos médicos mais antigos e mais poderosos – os próprios curandeiros”, concluem.