Crianças e idosos são metade dos beneficiários de bancos de alimentos, que enfrrentam maior procura em meio ao aumento do custo de vida. Em 2024, 6,5% dos assalariados viviam sob risco de pobreza.Embora a Alemanha tenha alguns dos melhores indicadores econômicos do mundo, centenas de milhares de crianças dependem de bancos de alimentos no país. Elas representam quase 30% do total de 1,5 milhão de pessoas que recorrem ao serviço, pelo qual se fornece comida gratuita ou a baixo custo.

O aumento do custo de vida devido aos altos aluguéis e aos preços elevados dos alimentos faz com que o dinheiro fique cada vez mais escasso para muitas famílias.

“Principalmente o número de crianças aumentou ligeiramente em comparação com o ano anterior, o que nos preocupa”, disse Andreas Steppuhn, presidente da Tafel Deutschland, que mantém mais de 970 unidades de distribuição de alimentos ao redor do país. “Ainda um terço de todas as unidades têm listas de espera ou estão com novas inscrições suspensas.”

Dos cadastrados nos bancos de alimentos, outros cerca de 20% têm mais de 63 anos.

Evitando desperdício

Em 2025, cerca de 265 mil toneladas de alimentos foram recuperadas pela organização. “Convertendo, isso significa 500 quilos de alimentos por minuto. Isso equivale, por exemplo, a 500 caixas de leite salvas por minuto, que, de outra forma, iriam para o lixo”, segundo a Tafel Deutschland.

Para obter os alimentos, a organização trata diretamente com fabricantes, e não apenas no varejo, onde os excedentes são raros. Os bancos de alimentos funcionam ainda com a ajuda de 72 mil voluntários, bem como de outros 5 mil funcionários.

“Isso representa um pequeno aumento (de voluntários) em relação ao ano anterior. Isso nos dá esperança, mas ainda não significa que sejam voluntários suficientes”, afirma Steppuhn.

Para 2026, a organização deseja que “a política volte a colocar as pessoas no centro das atenções”. “Precisamos de medidas sociopolíticas orientadas para soluções, que realmente se preocupem com a justiça social,” prosseguiu ele.

Isso inclui, segundo ele, políticas que priorizem salários, aposentadorias e benefícios sociais de proteção contra a pobreza, além de medidas contra os altos custos de aluguel. “Com relação ao resgate de alimentos, esperamos finalmente uma lei que torne mais barato doar alimentos do que jogá-los fora.”

Risco de pobreza

Em 2024, 6,5% de todas as pessoas empregadas na Alemanha viviam abaixo do limiar de risco de pobreza, segundo dados oficiais. A média da União Europeia (UE) é de 8,2%.

No caso alemão, trabalhadores com contratos temporários (13,4%) e empregados em regime de meio período (9,6%) são os mais afetados.

De acordo com a definição da UE, uma pessoa é considerada em risco de pobreza se tiver à sua disposição menos de 60% da renda média da população nacional.

Já uma pesquisa do Escritório Federal de Estatística da Alemanha mostrou que, em 2022, pouco mais de 17,3 milhões de pessoas foram afetadas pela pobreza ou exclusão social, o equivalente a 20,9% da população.

ht (DW, ots)