15/07/2019 - 9:56
Pesquisa ressalta o papel de pais, professores e profissionais de saúde no desenvolvimento social adequado de prematuros
Os adultos que nasceram prematuros (com menos de 37 semanas de gestação) são menos propensos a ter um relacionamento romântico, um parceiro sexual e a ser pais do que os adultos restantes, segundo pesquisadores da Universidade de Warwick (Inglaterra). Trabalhando com dados de até 4,4 milhões de participantes adultos, os cientistas descobriram que aqueles que nasceram prematuramente têm 28% menos chances de se envolver em um relacionamento amoroso.
De acordo com essa meta-análise (técnica estatística especialmente desenvolvida para integrar os resultados de dois ou mais estudos independentes, sobre uma mesma questão de pesquisa), publicada recentemente na revista “JAMA Network Open”, o índice de nascidos prematuros se tornarem pais é ainda menor: 22% na comparação com os demais.
Os estudos que analisaram as relações sexuais de crianças prematuras descobriram que, quando crescidas, elas apresentam 2,3 vezes menos chance de ter um parceiro sexual na comparação com os demais adultos. Às pertencentes ao grupo de muito ou extremamente prematuras (nascidas com menos de 32 semanas ou menos de 28 semanas de gestação, respectivamente) exibem um índice ainda menor: são 3,2 vezes menos propensas a ter relações sexuais.
Timidez
Relacionamentos íntimos e próximos conseguem aumentar a felicidade e o bem-estar tanto física como mentalmente. Os estudos também mostram que a formação dessas relações é mais difícil para os adultos nascidos prematuramente, pois eles são geralmente tímidos, socialmente retraídos e assumem baixo risco na busca de diversão.
Mas a meta-análise também revelou que, quando os adultos nascidos prematuros estudados tinham amigos ou parceiros, a qualidade dessas relações era no mínimo tão boa quanto a encontrada entre os demais adultos.
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“A constatação de que adultos nascidos prematuros apresentam menos probabilidade de ter um parceiro, ter relações sexuais e se tornar pais não parece ser explicada por uma taxa mais alta de incapacidade”, observa Marina Goulart de Mendonça, coautora do artigo. ”Nas crianças nascidas prematuras, anteriormente, descobriu-se que as interações sociais mais precárias na infância dificultam o domínio das transições sociais, como encontrar um parceiro, o que, por sua vez, aumenta o seu bem-estar.”
O principal autor do texto, Dieter Wolke, acrescenta: “Aqueles que cuidam de crianças prematuras, incluindo profissionais de saúde e professores, devem estar mais conscientes do importante papel do desenvolvimento social e da integração social para crianças nascidas prematuramente. Como as crianças prematuras tendem a ser mais tímidas e acanhadas, apoiá-las para fazer amigos e ser integradas em seu grupo de colegas irá ajudá-las a encontrar parceiros românticos, ter relações sexuais e se tornarem pais. Tudo isso aumenta o bem-estar”.