14/05/2019 - 8:44
Estudo realizado por cientistas sociais e ecologistas da Universidade Estadual da Carolina do Norte (EUA), publicado na Nature Climate Change, indica que as crianças podem aumentar o nível de preocupação dos pais com as mudanças climáticas. Isso porque, diferentemente dos adultos, suas opiniões sobre o assunto geralmente não refletem uma ideologia política arraigada.
Os resultados sugerem que as conversas entre gerações podem ser um ponto de partida efetivo no combate aos efeitos do aquecimento global. Para a estudante de pós-graduação Danielle Lawson, principal autora do artigo, os pais realmente se importam com o que seus filhos pensam e pesa também o alto nível de confiança entre eles – o que não existe necessariamente entre dois adultos conversando.
Os pesquisadores decidiram testar como a exposição de alunos 10 a 14 anos de idade a um curso sobre mudança climática poderia afetar não apenas os pontos de vista desses jovens, mas também dos pais. O curso consistia em quatro atividades de sala de aula e um projeto de campo. De 238 famílias envolvidas no estudo, 92 serviram como controle.
Os pais foram convidados a ver projetos ao ar livre e foram entrevistados por seus filhos. Em vez de abordar a mudança climática diretamente, as crianças perguntaram aos adultos sobre as mudanças locais que poderiam ter notado. Os pais responderam a uma série de perguntas, como: Como você viu o tempo mudar? Você já viu o aumento do nível do mar? A proposta foi evitar o termo “mudança climática” apenas para tornar o experimento mais ideologicamente neutro. No início e no final do estudo, foram levantados os dados demográficos, a idade e a ideologia política dos pais, bem como suas opiniões sobre as mudanças climáticas.
A preocupação com a questão foi medida em uma escala de 17 pontos, do menos preocupado (–8) para o mais preocupado (+8). Em dois anos, os níveis de preocupação aumentaram entre todos os pais, incluindo aqueles no grupo de controle. Os maiores impactos foram sentidos entre pais conservadores (mais do que dobraram seu nível de preocupação com as mudanças climáticas) e as filhas foram mais eficazes do que os filhos em mudar a opinião dos pais. Os autores não sabem explicar a diferença entre meninas e meninos, mas sugerem que elas podem ter se preocupado mais ou ter sido melhores comunicadoras do que eles nessa faixa etária.
Embora o artigo não meça mudanças comportamentais, para Danielle, ele fornece esperança: “se pudermos promover essa construção de comunidade e construção de conversas sobre mudança climática, podemos nos unir e trabalhar juntos em uma solução”.