27/12/2022 - 7:13
Desde que a espaçonave Double Asteroid Redirection Test (DART) da Nasa colidiu intencionalmente com o asteroide lunar Dimorphos em 26 de setembro – alterando sua órbita em 33 minutos –, a equipe de investigação tem investigado as implicações de como essa técnica de defesa planetária poderia ser usada no futuro, se tal necessidade surgir.
- Nasa confirma: missão DART mudou movimento de asteroide
- Asteroide impactado por nave deixa ‘cauda’ crescente de poeira e detritos
- James Webb e Hubble capturam imagens detalhadas de impacto em asteroide
Isso incluiu uma análise mais aprofundada da “ejecta” – as muitas toneladas de rocha do asteroide deslocadas e lançadas ao espaço pelo impacto.
Observações contínuas desse material ejetado em evolução deram à equipe de investigação uma melhor compreensão do que a espaçonave DART conseguiu no local do impacto. Os membros da equipe DART forneceram uma interpretação preliminar de suas descobertas durante a reunião de outono da União Geofísica Americana em 15 de dezembro, em Chicago.
Análises pós-impacto
“O que podemos aprender com a missão DART faz parte do trabalho abrangente da Nasa para entender asteroides e outros pequenos corpos em nosso Sistema Solar”, disse Tom Statler, cientista do programa DART na sede da Nasa em Washington, e um dos apresentadores na reunião.
“O impacto do asteroide foi apenas o começo. Agora usamos as observações para estudar do que esses corpos são feitos e como foram formados – bem como defender nosso planeta caso haja um asteroide vindo em nossa direção.”
No centro desse esforço estão as análises científicas e de engenharia detalhadas e pós-impacto dos dados da primeira demonstração de tecnologia de defesa planetária do mundo. Nas semanas após o impacto, os cientistas voltaram seu foco para medir a transferência de momento da colisão de aproximadamente 22.530 quilômetros por hora do DART com seu asteroide-alvo.
Os cientistas estimam que o impacto do DART deslocou mais de 1 milhão de quilos da rocha empoeirada para o espaço – o suficiente para encher seis ou sete vagões. A equipe está usando esses dados – bem como novas informações sobre a composição do asteroide-lua e as características do material ejetado, obtidas a partir de observações telescópicas e imagens do Light Italian CubeSat for Imaging of Asteroids (LICIACube) do DART, fornecidas pelo Agência Espacial Italiana (ASI) – para saber quanto o impacto inicial do DART moveu o asteroide e quanto veio do recuo.
Conhecimento aplicado
“Sabemos que o experimento inicial funcionou. Agora podemos começar a aplicar esse conhecimento”, disse Andy Rivkin, colíder da equipe de investigação DART no Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins (APL). “Estudar o material ejetado no impacto cinético – tudo derivado do Dimorphos – é uma maneira fundamental de obter mais informações sobre a natureza de sua superfície.”
Observações antes e depois do impacto revelam que Dimorphos e seu asteroide maior, Dídimo, têm composição semelhante e são compostos do mesmo material – material que foi associado a condritos comuns, semelhante ao tipo mais comum de meteorito que impacta a Terra. Essas medições também aproveitaram o material ejetado de Dimorphos, que dominou a luz refletida do sistema nos dias após o impacto. Mesmo agora, as imagens do telescópio do sistema Dídimo mostram como a pressão da radiação solar esticou o fluxo de material ejetado em uma cauda semelhante a um cometa com dezenas de milhares de quilômetros de comprimento.
Juntando essas peças e assumindo que Dídimo e Dimorphos têm as mesmas densidades, a equipe calcula que o momento transferido quando o DART atingiu Dimorphos foi aproximadamente 3,6 vezes maior do que se o asteroide tivesse simplesmente absorvido a espaçonave e não produzido nenhum material ejetado – indicando que a ejecta contribuiu para mover o asteroide mais do que a espaçonave.
Previsão-chave
Prever com precisão a transferência de momento é fundamental para planejar uma futura missão de impacto cinético, se ela for necessária, incluindo a determinação do tamanho da espaçonave impactadora e a estimativa da quantidade de tempo necessária para garantir que uma pequena deflexão mova um asteroide potencialmente perigoso de seu caminho.
“A transferência de momento é uma das coisas mais importantes que podemos medir, porque é a informação de que precisaríamos para desenvolver uma missão de impacto para desviar um asteroide ameaçador”, disse Andy Cheng, líder da equipe de investigação DART da Johns Hopkins APL. “Entender como o impacto de uma espaçonave mudará o momento de um asteroide é a chave para projetar uma estratégia de mitigação para um cenário de defesa planetária”.
Nem Dimorphos nem Dídimo representam qualquer perigo para a Terra antes ou depois da colisão controlada do DART com Dimorphos.