19/11/2025 - 14:13
O debate sobre a identidade política de Fidel Castro é marcado por uma grande contradição inicial. Em 19 de abril de 1959, meses após derrubar o ditador Fulgencio Batista e assumir o poder em Cuba, o líder revolucionário fez uma declaração categórica ao canal NBC News: “Eu não sou comunista. Eu não concordo com o comunismo.”
Em 1959, Castro prometeu imprensa livre, liberdade de ideias e direitos humanos.
O primeiro período da revolução foi o mais democrático e economicamente viável de Cuba no século 20.
Em menos de dois anos, Fidel transformou-se em ditador; críticos enfrentaram exílio, prisão ou fuzilamento.
Em 1961, Castro admitiu publicamente que a revolução seguiria o caminho socialista e o modelo soviético.
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No retorno à constituição democrática em 1940, Castro havia prometido ao povo cubano eleições livres e desenvolvimento. Aquele ideal parecia se concretizar brevemente:
“Aquele primeiro período, podemos dizer, os primeiros seis meses da revolução foram também os mais democráticos. Foi o período, em 1959, de maior prosperidade que Cuba teve em todo o século 20.”
Lillian Guerra, professora de história cubana.
Contudo, a transição de salvador a ditador foi rápida. Críticos de Castro, como o próprio presidente de Cuba à época, Manuel Urrutia, foram forçados a fugir após condenarem a infiltração comunista no governo. Opositores enfrentaram exílio, prisão ou fuzilamento.
O jornalista e escritor cubano Amir Valle explica por que Castro negava o comunismo em 1959:
“Porque Cuba era uma nação cristã muito conservadora. Ser comunista no país era muito malvisto, era quase como mencionar Satanás.”
A verdade seria finalmente admitida em 1961. “Assim que Fidel declarou oficialmente a revolução socialista, ela seguiu o caminho do comunismo, nos moldes soviéticos”, aponta a análise histórica.
Fidel Castro — o revolucionário que prometia democracia e eleições livres — morreu em 25 de novembro de 2016 sem jamais cumprir essas promessas.
