O novo relatório climático da Agência Internacional de Energia (AIE ) divulgado nesta quarta-feira, 16, indica que a trajetória de aquecimento do planeta está projetada para atingir 2.4°C. Lançado a menos de um mês da COP 29 – que acontecerá em Baku, no Azerbaijão, o documento indica que a demanda por meios energéticos renováveis tem crescido, mas o cenário não aponta para a diminuição das emissões de gases estufa.

A preocupação com os novos dados está no crescimento da projeção, o número estipulado está muito acima da meta feita durante o Acordo de Paris – que deveria ser de 1.5°C. Essa marca foi escolhida com a intenção de impedir os piores efeitos das mudanças climáticas, os que seriam irreversíveis.

“Em muitas partes do mundo, os eventos climáticos extremos, intensificados por décadas de emissões elevadas, já estão colocando desafios profundos para a operação segura e confiável dos sistemas energéticos, incluindo ondas de calor cada vez mais severas, secas, inundações e tempestades” informa dado do relatório.

O documento também informa que o planeta está entrando em um novo mercado energético, que possui muitos riscos geopolíticos, mas também apresenta crescimento em ofertas de diferentes combustíveis e tecnologias. A alta competitividade pode aliviar os preços dos combustíveis para os consumidores, atraindo investimentos e atenção para a área de energia sustentável – os fluxos destinados a essa área se aproxima de US$ 2 trilhões.

“O espaço de respiro diante da pressão dos preços dos combustíveis pode dar aos formuladores de políticas a oportunidade de focar no aumento dos investimentos nas transições de energia limpa e na remoção de subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis. Isso significa que as políticas governamentais e as escolhas dos consumidores terão enormes consequências para o futuro do setor energético e para o combate às mudanças climáticas.” disse Fatih Birol, diretor executivo da AIE

Os custos da maioria das tecnologias de energia limpa sofreu com aumentos depois da pandemia, mas agora elas tem recuperado sua trajetória e expectativa de preço normal. “Juntamente com a energia nuclear, que está sendo objeto de um renovado interesse em muitos países, as fontes de baixa emissão estão previstas para gerar mais da metade da eletricidade mundial antes de 2030”, destaca o documento.

Porém, o relatório também frisa que a implantação desse tipo de energia renovável não é uniforme no planeta. A incerteza política, a desigualdade social e o alto custo do capital deixam o processo lento e não classificado como prioridade em países em desenvolvimento.

A China foi responsável por gerar 60% da nova capacidade das renováveis – uma estimativa indica que no início da década de 2030, a produção de energia solar fotovoltaica do país excederá toda a atual demanda de eletricidade dos Estados Unidos. “Seja em investimentos, demanda por combustíveis fósseis, consumo de eletricidade, implantação de energias renováveis, mercado de veículos elétricos ou fabricação de tecnologias limpas, estamos agora em um mundo onde quase todas as histórias de energia são essencialmente uma história sobre a China”, disse Birol

Por fim, o arquivo da AIE mostra que o aumento por eletricidade global disparou, e que o uso dela cresceu o dobro do ritmo da demanda energética, criando uma lacuna nessa necessidade.