Notícia provocou avalanche de protestos nas redes e transformou o futuro da empresa OpenAI numa incógnita. Mas o que o caso representa para o desenvolvimento da inteligência artificial?Um abalo de proporções sísmicas chacoalhou o mundo tech. Todos os holofotes estão voltados para a OpenAI, startup por trás do popular chatbot ChatGPT, mas não por causa de um novo produto ou programa. No último fim de semana, a empresa se viu no centro de uma disputa com a demissão de Sam Altman, co-fundador da empresa, do cargo de CEO.

O que é a OpenAI?

A OpenAI foi fundada em 2015 por um grupo de empreendedores e investidores, entre eles o bilionário Elon Musk, que abandonou o projeto em 2018, após conflitos com o conselho de administração.

Estabelecida como uma organização sem fins lucrativos, a empresa atraiu os holofotes em novembro de 2022 com o lançamento do ChatGPT, um modelo de linguagem baseado em inteligência artificial e aberto ao público geral.

O que aconteceu com a direção da OpenAI?

A notícia inundou as redes como um tsunami: Altman, de 38 anos, foi demitido na sexta-feira (17/11) da empresa que criou o ChatGPT. Para muitos, ele era considerado nada menos que o pai da chamada IA ​​generativa.

Ao justificar a decisão no blog da empresa, o conselho de administração da OpenAI acusou Altman de não ser “consistentemente sincero em suas comunicações”, prejudicando sua capacidade de exercer suas responsabilidades e levando a uma “perda de confiança” em sua liderança.

O afastamento de Altman não foi a única mudança na composição do conselho de seis membros. Greg Brockman, então presidente do colegiado, logo anunciou seu desligamento da empresa.

Por que Sam Altman foi demitido?

A rixa que custou ao queridinho da inteligência artificial seu cargo de CEO na OpenAI reflete uma diferença fundamental de opinião sobre segurança e impacto social da tecnologia ainda incipiente.

De um lado estão aqueles com uma visão mais “agressiva”, como Altman, que veem o rápido desenvolvimento e, especialmente, a implantação pública da IA ​​como essencial para testar e aperfeiçoar a tecnologia. Do outro, estão os que preferem a cautela, na crença de que tais ferramentas devem ser desenvolvidas primeiramente em laboratório, a fim de garantir que sejam, digamos assim, “segura para consumo humano”.

Esses últimos alertam que um software superinteligente corre o risco de se tornar incontrolável, podendo levar inclusive a uma catástrofe. Entre os que compartilham tais temores está Ilya Sutskever, cientista-chefe da OpenAI e membro do conselho que aprovou a demissão de Altman.

“Não temos uma solução para direcionar ou controlar uma IA potencialmente superinteligente e evitar que ela se torne corrupta”, admitiu Sutskever num post assinado em julho em conjunto com um colega. “Os humanos não serão capazes de supervisionar com segurança sistemas de IA muito mais inteligente do que nós”.

Qual foi a repercussão da demissão de Altman?

Menos de 24 horas após a notícia das mudanças no conselho, surgiram boatos de que Altman e outros ex-colegas da gigante de tecnologia estavam traçando planos de um empreendimento próprio, e que o conselho da OpenAI estaria considerando pedir a volta do antigo CEO.

Na manhã de segunda-feira, o caso já ganhava dimensões mais fortes, com um abaixo-assinado de centenas de funcionários da OpenAI ameaçando deixar a empresa se o conselho não renunciasse e Altman e Brockman não fossem restituídos. Um dos signatários era Sutskever, que disse lamentar “profundamente” seu papel na saída de Altman.

As esperanças, porém, tiveram vida curta: no mesmo dia, a Microsoft anunciou a contratação de Altman e Brockman para chefiarem uma nova unidade de pesquisa avançada de IA.

Qual o impacto da saída de Altman para o futuro da inteligência artificial?

O destino da OpenAI é visto por muitos tecnólogos como fundamental para o desenvolvimento da IA. Sobretudo as preocupações com a IA generativa ganharam força com a surpreendente demissão de Altman.

O termo é usado para se referir a programas capazes de produzir conteúdo coerente, como ensaios, códigos de computador e imagens semelhantes a fotos, em resposta a solicitações simples. A popularidade do ChatGPT, nesse sentido, só acelerou o debate sobre a melhor forma de regular e desenvolver a tecnologia.

Altman, contudo, garante que a mudança não abalará o desenvolvimento da IA: “Temos mais unidade, compromisso e foco do que nunca,” tuitou na terça-feira. “Todos nós vamos trabalhar juntos de uma forma ou de outra, e estou muito animado. Uma equipe, uma missão.”