Candidato ao Parlamento Europeu e membro do Bundestag pela sigla de ultradireita, Petr Bystron foi acusado de defender interesses do Kremlin sobre a guerra na Ucrânia em troca de dinheiro.Acusado de receber pagamentos de um site de notícias que funcionava como plataforma para a propaganda de Estado russa, o deputado do Bundestag, membro da sigla de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) e candidato ao Parlamento Europeu Petr Bystron negou as suspeitas nesta quinta-feira (04/04).

Citando fontes do governo da República Tcheca, o jornal tcheco Denik N afirma que Bystron é suspeito de manter contato com o portal Voice of Europe, de quem, possivelmente, também teria recebido dinheiro.

Baseado em Praga, o Voice of Europe seria a fachada de uma rede financiada pela Rússia suspeita de espalhar propaganda favorável a Moscou e exercer influência em toda a Europa, inclusive sobre o Parlamento Europeu, mediante o pagamento de centenas de milhares de euros, segundo o semanário alemão Der Spiegel.

O grupo, cuja existência foi revelada no final de março pelo governo tcheco, usava o site de notícias para tentar desencorajar a União Europeia (UE) a ajudar a Ucrânia a se defender da invasão russa. Para isso, recorria a expedientes como a reprodução de declarações de políticos europeus, alguns dos quais teriam sido recompensados com dinheiro.

Os nomes por trás do Voice of Europe acabaram sancionados pelo governo tcheco, e na ocasião em que a decisão foi tomada um dos membros do gabinete teria dito que o serviço secreto teria como “comprovar por áudio a entrega de dinheiro” a Bystron. Gravações neste sentido, porém, ainda não vieram à tona publicamente, e o governo alega não ter a intenção de fazê-lo.

Bystron se diz vítima de campanha de difamação

Bystron, 51, ocupa o segundo lugar na lista fechada da AfD ao Parlamento Europeu; a eleição dele é dada como certa, a julgar por pesquisas recentes de intenção de voto, que preveem a conquista de 15 assentos pela sigla – seis a mais do que na última eleição, em 2019.

O deputado se diz vítima de uma “campanha de difamação contra políticos de seis partidos europeus”, arquitetada para barrar o avanço de partidos da direita populista na Europa e, também, atrapalhar os planos deles de formar uma bancada forte no Parlamento Europeu.

“Já estou em contato com advogados, tanto na Alemanha quanto na República Tcheca, para tomar providências contra essa difamação”, assegurou Bystron, instando o serviço secreto tcheco a “finalmente divulgar os supostos áudios”.

O posicionamento de Bystron veio após ser ele cobrado pelos co-presidentes da AfD, Alice Weidel e Tino Chrupalla, a dar explicações oficiais. A defesa do deputado ainda será analisada internamente pelos dirigentes da sigla.

Na semana passada, o ministério alemão do Interior confirmou que autoridades europeias descobriram uma operação transnacional “a serviço da Rússia” para exercer “influência ilegítima” sobre o Parlamento Europeu. Para isso, a rede organizada pelo cidadão ucraniano Artyom Marchevsky usaria “somas vultosas” e “políticos de diversos países europeus”.

Outro parlamentar da AfD, o eurodeputado e candidato à reeleição Maximilian Krah, disse já ter estado com Marchevsky e, assim como Bystron, ter dado entrevistas ao Voice of Europe – uma vez em setembro do ano passado, em Praga, e outra vez em janeiro, em Bruxelas. Krah, porém, diz que não sabia na época das suspeitas contra Marchevsky.

ra (AFP, dpa, ots)