16/07/2019 - 19:10
No início de julho, o alpinista Bryan Mestre estava escalando a montanha Mont Blanc, nos Alpes franceses, quando se deparou com algo inusitado: um lindo lago de cor azul esverdeada.
O cenário era deslumbrante, mas soou um alarme no alpinista: não é normal encontrar água em estado líquido naquela altitude de cerca de 3,5 mil metros.
Segundo uma reportagem da revista National Geographic francesa, o lago resulta do acúmulo de água de degelo em uma depressão glacial. A água não foi absorvida porque a camada de neve ou o gelo que está debaixo dela são impermeáveis.
Para entender isso, é preciso distinguir dois tipos de geleiras: geleiras temperadas com uma temperatura de 0°C e geleiras frias com uma temperatura negativa. Nos Alpes franceses, os glaciares são de natureza temperada, mas alguns deles são frios, especialmente em áreas como o Mont Blanc, a partir de altitudes de cerca de 3.000 metros. Essas geleiras frias são impermeáveis, e é por isso que o lago se formou.
Ou, alternativamente, pode ser que um filme de gelo tenha sido formado quando a água derretida se infiltrou na camada de neve que está no fundo da geleira e formou camadas impermeáveis. A água derretida não pode mais circular e o lago se formou.
Bryan Mestre postou em seu perfil no Instagram uma comparação do mesmo cenário apenas 10 dias antes, em uma foto tirada por outro alpinista, Paul Todhunter. Na foto mais antiga, não há lago nenhum. Ou seja, o derretimento de neve e a formação do lago, que mede cerca de 10 por 30 metros, ocorreram em poucos dias.
De fato, a França passou por uma onda de calor no final de junho. No Mont Blanc foram registradas temperaturas recordes para a região, de 9,3°C.