Uma galáxia espiral gigantesca e completamente formada, batizada de Alaknanda, acaba de ser identificada em registros do JWST (Telescópio Espacial James Webb), da Nasa. Ela surgiu quando o Universo tinha apenas 1,5 bilhão de anos, o equivalente a 10% da idade atual, e possui uma organização que os astrônomos acreditavam ser impossível tão cedo.

O estudo, divulgado na revista Astronomy and Astrophysics por pesquisadores do NCRA-TIFR (Centro Nacional de Radioastrofísica da Índia), mostra que a galáxia possui 30 mil anos-luz de diâmetro, cerca de um terço da Via Láctea, e abriga 10 bilhões de estrelas. Para eles, o interessante não é apenas seu tamanho, mas a simetria dela, constituída por dois braços espirais bem definidos e um núcleo brilhante, características típicas de galáxias muito mais velhas.

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A pesquisa do James Webb 

A descoberta veio de uma análise da pesquisadora Rashi Jain, que examinava um conjunto de 70 mil objetos registrados pelo JWST. Em meio aos dados, um deles chamou sua atenção pela forma espiral quase perfeita.

O professor Yogesh Wadadekar, que assina o estudo ao lado de Rashi, constata que a galáxia precisou reunir uma enorme massa estelar e estabilizar um disco espiral em questão de centenas de milhões de anos, um ritmo considerado “extraordinariamente rápido” nos padrões cosmológicos.

A identificação também contrariou a ideia tradicional de que o início do cosmos teria sido dominado por galáxias pequenas, irregulares e turbulentas. Em vez disso, Alaknanda demonstrou a existência de um Universo inicial mais eficiente e organizado.

Como uma galáxia tão complexa surgiu tão cedo?

A pergunta central dos pesquisadores ainda não tem resposta definitiva. A galáxia, além de exibir braços amplos e um núcleo central luminoso, possui um ritmo acelerado de formação de estrelas, com cerca de 60 sóis por ano, 20 vezes mais rápido que a Via Láctea.

Metade das estrelas da Alaknanda parece ter surgido em apenas 200 milhões de anos, um tempo considerado extremamente curto.

A equipe levantou duas hipóteses principais para explicar o fenômeno. A primeira seria fluxos contínuos de gás frio, capazes de estabilizar o disco e gerar ondas de densidade que formaram os braços espirais. A segunda é a passagem de uma galáxia menor, que poderia ter impulsionado a estrutura espiral.

O que Alaknanda significa para a história do Universo

A descoberta se soma a outros achados recentes do James Webb que apontam que o universo primordial é mais complexo do que se imaginava. Mas a Alaknanda se destaca como uma das espirais gigantes mais antigas já identificadas, e uma das que mais colocam em debate as teorias sobre a formação da galáxia.

A luz que vemos hoje saiu dela há 12 bilhões de anos, então não é possível sabermos seu estado atual. Diante disso, novas observações sobre a descoberta já estão sendo planejadas pelo próprio JWST e com o observatório Atacama Large Millimeter Array (ALMA), no Chile.