A obra de Leonardo da Vinci, produzida por volta de 1490, continua a desafiar interpretações seculares. O “Homem Vitruviano”, representação icônica das proporções ideais do corpo humano baseada nos escritos do arquiteto romano Vitrúvio, acaba de ganhar uma nova camada de análise. O dentista britânico Rory Mac Sweeney identificou uma terceira forma geométrica no desenho — um triângulo equilátero — que teria passado despercebida por séculos.

  • A Trindade Geométrica: Além do círculo e do quadrado descritos por Vitrúvio, o novo estudo aponta que Da Vinci incluiu um triângulo equilátero localizado entre as pernas da figura.

  • Conexão com a Odontologia: Sweeney correlaciona a forma ao “Triângulo de Bonwill”, um padrão anatômico da arcada dentária estabelecido em 1864 pelo Dr. William Bonwill.

  • Matemática da Realidade: A análise sugere que as proporções de Leonardo antecipam a compreensão moderna sobre a arquitetura biológica ideal e sistemas de coordenadas espaciais.

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O umbigo como centro geométrico

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A tese de Sweeney, publicada no Journal of Mathematics and Arts, retoma a premissa de Vitrúvio de que o umbigo é o centro organizador do corpo. O triângulo equilátero identificado tem seu vértice exatamente no umbigo da figura. Segundo o pesquisador, se outros cinco triângulos idênticos fossem traçados a partir desse ponto, formariam um padrão hexagonal associado a uma “proporção tetraédrica” de aproximadamente 1,64.

Esta relação matemática define arranjos espaciais ótimos, presentes tanto em sistemas sintéticos quanto em estruturas biológicas. Para Sweeney, a relevância da descoberta vai além da anatomia, sugerindo que Leonardo intuía verdades fundamentais sobre a natureza matemática da própria realidade.

“O desenho incorpora princípios geométricos que antecipam a compreensão moderna da arquitetura biológica ideal.”

Dr. Rory Mac Sweeney, em artigo científico

Paralelos com a ciência moderna

O estudo estabelece ainda um paralelo entre as proporções de Da Vinci e a Matriz Vetorial Isotrópica de Buckminster Fuller, desenvolvida apenas em 1975. A conexão sugere que as mesmas relações geométricas encontradas em estruturas cristalinas ideais e arquiteturas biológicas complexas já estavam “codificadas” nas proporções humanas desenhadas pelo gênio renascentista.

A descoberta reforça a imagem de Leonardo da Vinci não apenas como um mestre das artes, mas como um pensador que utilizava a geometria para decifrar as leis que regem a vida e o espaço.