Pesquisadores argentinos e chilenos liderados por Alberto Pérez, da Universidade Católica de Temuco (Chile), descobriram os restos de uma jovem mapuche enterrada em um wampo, ou canoa cerimonial, entre 850 e 1.000 anos atrás no sítio arqueológico de Newen Antug, no noroeste da Patagônia argentina. A descoberta foi abordada em artigo publicado na revista PLOS ONE.

Trata-se da primeira vez em que um enterro do tipo canoa foi visto na Patagônia argentina. Outro detalhe que aumenta sua raridade é que a maioria dos enterros de canoa tinha corpos de homens.

Alguns estudiosos haviam sugerido anteriormente que essa prática de enterro foi usada apenas após a colonização espanhola. Pérez, no entanto, observou que a madeira apodrece rapidamente no clima da América do Sul, deixando poucas evidências diretas. “A evidência anterior era importante e se baseava em dados etnográficos, mas era indireta”, explicou.

Apenas fragmentos da canoa, feita a partir da escavação de um único tronco de árvore com fogo, permanecem nessa sepultura. De acordo com a análise dos pesquisadores, os fragmentos indica que esses fragmentos tinham origem em um único cedro chileno.

O corpo da mulher foi colocado em uma cama de conchas de moluscos de água doce. Sua posição, com os braços sobre o torso e cabeça e pés erguidos, indica que ela foi posta em uma estrutura côncava com paredes mais grossas em suas extremidades, como a proa e a popa de uma canoa. Um jarro de cerâmica decorado com esmalte branco e padrões geométricos vermelhos foi colocado na cabeça da mulher para sua jornada final.