Durante obras para um projeto habitacional financiado pelo Egito na Faixa de Gaza, escavadeiras revelaram as ruínas de uma tumba erigida na época em que Roma dominou a região, declararam autoridades do Hamas (a organização palestina que governa o território desde 2007) em 31 de janeiro. Citado pela agência Associated Press, o Ministério Palestino de Turismo e Arqueologia anunciou que suas equipes apreenderam objetos descobertos na tumba e reivindicou a interrupção das obras.

Segundo relatos da mídia local, saqueadores (alguns dos quais usavam carroças puxadas por burros) levaram muitos artefatos do local, no noroeste da Cidade de Gaza. Moradores da área afirmaram que objetos arqueológicos, como tampas de caixões e tijolos com inscrições, haviam sido descobertos no local uma semana antes do anúncio do ministério.

Rota de passagem

Gaza é um enclave palestino de 2 milhões de habitantes situado no litoral do Mediterrâneo, na fronteira entre Israel e o Egito. No passado, a área foi uma importante rota de comunicação entre o Egito e o Levante. O correto tratamento do patrimônio arqueológico local, porém, tem sido comprometido pelos constantes entreveros entre Israel e os palestinos do grupo Hamas, que governa o território (Israel ocupou a região entre 1967 e 2005, e a bombardeou em 2008, 2012, 2014 e 2021 em retaliação a ataques promovidos pelo Hamas), o bloqueio econômico imposto pelos israelenses e o rápido crescimento urbano registrado em Gaza.

Ouvido pela AP, um arqueólogo independente disse – sob condição de anonimato por não estar autorizado a fazer comentários – que, pelas fotos divulgadas, o local seria um cemitério criado entre o fim da era romana e o início do período bizantino, há 1.600 anos. “Elas indicam que há um templo romano ou uma igreja bizantina nas proximidades”, disse ele.

Autoridades do Hamas anunciaram na semana passada ter patrocinado a inauguração de uma igreja bizantina do século 5 restaurada por organizações não governamentais locais e internacionais como museu. A notícia dá a entender que o grupo está atento ao patrimônio arqueológico do enclave. Em 2017, porém, o Hamas ordenou a destruição de extensas áreas de um assentamento cananeu de 4.500 anos para construir no local projetos habitacionais destinados a funcionários do governo.