09/08/2021 - 12:43
O maior réptil voador da Austrália foi descoberto: um pterossauro com envergadura estimada de sete metros que voou como um dragão sobre o vasto mar interior que já cobriu grande parte do interior de Queensland (nordeste australiano). O estudo a seu respeito foi publicado na revista Journal of Vertebrate Paleontology.
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Tim Richards, doutorando do Laboratório de Dinossauros da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Queensland (Austrália), liderou uma equipe de pesquisa que analisou um fóssil da mandíbula da criatura, descoberto em terras da tribo wanamara, perto de Richmond, no noroeste de Queensland.
“É a coisa mais próxima que temos de um dragão na vida real”, disse Richards. “O novo pterossauro, que chamamos de Thapunngaka shawi, teria sido uma fera temível, com uma boca em forma de lança e uma envergadura de cerca de sete metros. Era essencialmente apenas um crânio com um pescoço longo, aparafusado em um par de asas longas.”
Adequação perfeita
Richards acrescentou: “Essa coisa teria sido bastante selvagem. Ela lançaria uma grande sombra sobre algum dinossauro trêmulo, que não a teria ouvido até que fosse tarde demais.”
Segundo Richards, o crânio sozinho teria pouco mais de um metro de comprimento, contendo cerca de 40 dentes. Isso seria perfeitamente adequado para agarrar os muitos peixes que habitavam o já desaparecido Mar de Eromanga, em Queensland.
“É tentador pensar que ele podia mergulhar como uma pega [tipo de ave da família corvidae] durante a temporada de acasalamento, fazendo com que sua pega local pareça bem trivial – nenhuma quantidade de cabos de amarração teria salvado você”, disse o pesquisador.
A nova espécie pertencia a um grupo de pterossauros conhecido como anhanguerianos, que habitou todos os continentes durante a última parte da era dos dinossauros.
Fósseis raros
Perfeitamente adaptados ao voo autopropulsionado, os pterossauros tinham ossos de paredes finas e relativamente ocos. Devido a essas adaptações, seus restos fossilizados são raros e frequentemente mal preservados.
“É incrível a existência de fósseis desses animais”, disse Richards. “Pelos padrões mundiais, o registro de pterossauros australianos é pobre, mas a descoberta do Thapunngaka contribui muito para a nossa compreensão da diversidade de pterossauros australianos.”
Essa é apenas a terceira espécie de pterossauro anhangueriano conhecida na Austrália. Todas as três espécies originam-se do oeste de Queensland.
O dr. Steve Salisbury, coautor do artigo e supervisor de doutorado de Richards, disse que o que era particularmente impressionante sobre essa nova espécie de anhangueriano era o tamanho enorme da crista óssea em sua mandíbula inferior, que presumivelmente também tinha na mandíbula superior. “Essas cristas provavelmente desempenharam um papel na dinâmica de voo dessas criaturas e, com sorte, pesquisas futuras fornecerão respostas mais definitivas”, disse ele.
Homenagem em língua extinta
O fóssil foi encontrado em uma pedreira a noroeste de Richmond em junho de 2011 por Len Shaw, um caçador de fósseis local que “vasculha” a área há décadas.
A denominação da nova espécie homenageia os povos das Primeiras Nações australianas da área de Richmond onde o fóssil foi encontrado, incorporando palavras da língua agora extinta da nação wanamara.
“O nome do gênero, Thapunngaka, incorpora thapun [ta-boon] e ngaka [nga-ga], as palavras em wanamara para ‘lança’ e ‘boca’, respectivamente”, disse Salisbury. O nome da espécie, shawi, homenageia o descobridor do fóssil Len Shaw. Então, o nome significa ‘boca de lança de Shaw’.”
O fóssil do Thapunngaka shawi está em exibição no Kronosaurus Korner em Richmond.