Pesquisadores de Suécia, Estados Unidos, Polônia e Reino Unido encontraram evidências que sugerem que a desigualdade de riqueza nas comunidades humanas remonta a pelo menos 6.600 anos, informa o site Phys.org. No artigo relativo ao estudo, publicado na revista “Antiquity”, o grupo, liderado pela pesquisadora Chelsea Budd, da Universidade de Umeå (Suécia), descreve sua análise de esqueletos enterrados em um antigo cemitério polonês e o que foi encontrado com eles.

A expressão desigualdade de riqueza é usada para descreve as disparidades de renda para pessoas que vivem em uma comunidade compartilhada. Em seu estudo, os pesquisadores encontraram evidências que sugerem que essa característica é ainda mais antiga do que a maioria dos historiadores acreditava.

O trabalho envolveu a escavação dos restos mortais de 30 pessoas, com idades entre 18 e 45 anos, em um antigo cemitério em Osłonki, na Polônia, e de objetos que estavam com eles. Inicialmente, foram estudados os ossos, em busca de isótopos de nitrogênio e carbono. Em seguida, foram analisados ossos de bovinos encontrados na mesma área e no mesmo período de vida dos esqueletos.

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Gado como alimento

Os pesquisadores descobriram que algumas pessoas foram enterradas com pingentes, tiaras e contas de cobre, indício de que podem ter vindo de famílias mais privilegiadas. Além disso, essas pessoas tinham uma proporção distinta de isótopos de carbono em seus ossos, observada também no gado local. A conclusão foi de que tais indivíduos tinham o gado local como fonte de alimento.

Por seu lado, as pessoas enterradas sem os objetos mencionados não tinham as proporções de isótopos de carbono distintas. Ou seja, não se alimentavam do gado local.

Os pesquisadores também observaram que a proporção de isótopos de carbono no gado sugere que as reses pastavam gramíneas encontradas em campo aberto. Isso ocorre porque o tipo de proporção é o normalmente visto nos rebanhos modernos com acesso a campos abertos e iluminados pelo sol. Essa proporção é bem diferente em vacas que comem plantas crescendo em áreas parcialmente sombreadas por árvores.

A análise leva à conclusão de que as pessoas enterradas com artefatos que comiam carne local provavelmente pertenciam a famílias proprietárias de terras, com acesso a mais bens em vida. Uma situação bem diferente dos indivíduos sepultados sem objetos – e, por enquanto, a mais antiga demonstração de desigualdade de riqueza da humanidade.