01/11/2010 - 0:00
Moedas e notas estão desaparecendo de nossos bolsos, substituídos pelos cartões de crédito e sistemas automáticos de pagamento. Apesar disso, o dinheiro, de forma abstrata, continuará existindo, com todos os seus méritos e falhas. Afinal, nada podemos fazer sem ele. De fato, se ele desaparecesse do mapa, tudo seria muito pior.
Para começar, todo o comércio também desapareceria. Sem moedas nem notas, só nos restaria o escambo. As lojas não teriam mais razão de existir e seria muito mais complicado trocar os bens de primeira necessidade, como bebidas, alimentos, roupas e remédios, assim como os produtos tidos como supérfluos, como as máquinas industriais e as peças de carro. Na realidade, a troca é baseada no escambo de produtos com uma coincidência de interesses. E, mesmo que ocorra essa coincidência de interesses, fazer as trocas não é tão simples assim.
Supondo-se que um agricultor do Nordeste que produza cachaça desejasse comprar sua garrafa de vinho preferida. Na ausência de lojas, ele terá de ir até o Rio Grande do Sul para localizar o fabricante. Lá chegando, poderá descobrir que não vai conseguir comprar o seu vinho predileto, pois o produtor não está interessado em trocá-lo por cachaça.
A inexistência de dinheiro não causaria apenas o colapso do comércio, mas também não se teria mais como remunerar os trabalhadores. As indústrias fechariam e sairia completamente de circulação a produção de todos os objetos mais complexos, a começar pelo computador, celular e pela tevê. Em razão disso, não haveria mais empregos para os profissionais especializados, porque em tal mundo seria inútil a existência de engenheiros eletrônicos e técnicos de som.
Não haveria mais necessidade de existirem bancos. Com isso, as poupanças e aplicações seriam dissipadas. A economia mundial entraria em colapso e, de repente, o mundo descobriria ser demasiadamente pobre para sustentar a população mundial, hoje estimada em mais de 6 bilhões de pessoas. Consequentemente, a tensão social aumentaria e seriam inevitáveis as guerras para obter recursos para sobreviver. Finalmente, a população mundial seria muito reduzida.
Sal e cigarros: Se esse mundo realmente existisse, seria natural para os homens adotar qualquer objeto que funcionasse como uma moeda de troca para usá-lo no “comércio”, como sal, ouro e até mesmo cigarros, como sempre ocorreu em tempos de guerra. Em resumo, a moeda – ainda que de outra forma – acabaria sendo reinventada. Até porque é impossível se fazer algo sem ela.
Pequenos grupos: A organização social mudaria: a família teria de se organizar para produzir os insumos essenciais à sobrevivência e, eventualmente, agregar-se em pequenas comunidades.
Quantas galinhas por um vestido?: Inexistindo as moedas, somente seria possível fazer o escambo, trocando sobretudo os produtos de primeira necessidade, como os alimentos e as roupas. Não haveria necessidade de existir lojas especializadas, que desapareceriam.
Nada de especialização: Muitas profissões e especializações não teriam mais razão de ser. Também desapareceriam as universidades e a grande maioria das escolas.
Força bruta: A força bruta passaria a ser importante não só para cultivar a terra, mas também para lutar e se defender. Presumivelmente, as mulheres teriam um papel de menor importância e de menos autonomia, pois dependeriam muito mais dos homens.
Todos ao trabalho: As pessoas teriam de trabalhar muito mais para sobreviver. O trabalho infantil seria uma norma, não uma exceção. Teríamos uma qualidade de vida bem pior, assim como a nossa média de vida diminuiria.
Guerra e carestia: Sem o comércio, a economia entraria em colapso e, consequentemente, a produtividade. A população mundial diminuiria muito e as guerras explodiriam por todas as partes.