Jornalista é atacada em pleno teatro após criticar espetáculo em artigo jornal. Coreógrafo investigado pela polícia e afastado do cargo admite ter se excedido, mas evita pedir desculpas a sua vítima.A Ópera de Hanôver anunciou nesta segunda-feira (13/01) o afastamento de seu diretor de balé, investigado pela polícia por esfregar fezes de cachorro no rosto de uma jornalista que havia feito uma crítica negativa a um de seus espetáculos.

No último domingo, durante a première de seu espetáculo Glaube – Liebe – Hoffnung (“Fé – Amor – Esperança”, em tradução livre), o diretor da Companhia de Balé de Hanôver, Marco Goecke, atacou verbalmente a crítica do jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ), Wiebke Hüster, antes de retirar de seu bolso um punhado de fezes de cachorro e esfregá-las no rosto da jornalista.

Segundo o FAZ, Goecke expressou sua revolta com a crítica publicada no jornal no último sábado sobre seu espetáculo, na qual Hüster afirma que “é possível alternar entre um estado de sentimento de insanidade e de ser morto pelo tédio” ao assistir o balé de Goecke, entre outras observações.

Goecke, de 50 anos, é o diretor do balé da Ópera de Hanôver desde 2019. As fezes que ele usou na agressão teriam sido produzidas minutos antes por seu cão, o dachshund Gustav. O coreógrafo, que está sempre usando óculos escuros, é visto com frequência na Ópera transportando Gustav em uma bolsa.

No domingo, ele ameaçou proibir a crítica de entrar no teatro e a acusou pelo fato de frequentadores da Ópera cancelarem suas adesões como membros do local, antes do espetáculo.

“Chocado comigo mesmo”

Hüster comentou sobre o incidente, afirmando que Goecke “puxou repentinamente uma sacola de seu bolso. Com o lado da abertura da sacola, ele esfregou excrementos de cachorro no meu rosto. Quando percebi o que ele tinha feito, gritei.”

Ela foi ajudada por um funcionário da Ópera a se limpar em um dos banheiros, antes de se dirigir à polícia e registrar o incidente. As autoridades abriram uma investigação contra Goecke por agressão e insulto.

O diretor falou à uma emissora local sobre o ocorrido, mas evitou pedir desculpas à crítica do FAZ. “Acho que a minha escolha da forma [da agressão] não foi excelente, absolutamente”. Ele disse que seu ato “certamente não será reconhecido ou respeitado” pela sociedade.

“Eu sou uma pessoa que nunca fez algo como aquilo, então, é claro que eu estou um pouco chocado comigo mesmo”. Ele, porém, tentou se justificar ao dizer que seu trabalho, sua pessoa e seus negócios também vem sendo atacados através dos anos.

rc (dpa)