Em uma sociedade que ainda trata a morte com reverência e distância, a decisão sobre o destino do corpo após o falecimento costuma seguir ritos tradicionais, como o sepultamento ou a cremação. No entanto, uma alternativa ganha cada vez mais relevância no meio acadêmico: a doação de corpos para a ciência. A prática, fundamental para a formação de novos profissionais de saúde, é incentivada por universidades no mundo todo, inclusive no Brasil.

  • O que é: a doação voluntária do corpo, após a morte, para instituições de ensino e pesquisa, principalmente para o estudo da anatomia humana.
  • Finalidade: essencial para a formação prática de estudantes de medicina, fisioterapia, odontologia e outras áreas da saúde.
  • No Brasil: universidades como a USP e a UFMG possuem programas estruturados para receber doações.
  • O Processo: após o uso para estudo, que dura em média um semestre, o corpo é tratado com respeito e, geralmente, cremado ou sepultado pela própria instituição.

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O estudo da anatomia em corpos humanos é uma das disciplinas mais antigas e cruciais da carreira médica, com registros de dissecações que remontam ao século III a.C. Para os futuros médicos, o contato direto com a estrutura do corpo humano é uma experiência de aprendizado insubstituível, permitindo uma compreensão que livros e modelos sintéticos não conseguem replicar.

Instituições como a Universidade de Bonn, na Alemanha, e universidades brasileiras de referência, como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), possuem programas específicos para a doação. O processo é formalizado em vida pelo doador, por meio de um documento de autorização. Após o falecimento, a universidade se encarrega do translado e da conservação do corpo.

Todo o procedimento é cercado de rigor ético e respeito. Os corpos ficam à disposição dos estudantes por um período determinado e, ao final, as instituições realizam uma cerimônia de homenagem antes de proceder com a cremação ou o sepultamento. Além da imensa contribuição para a ciência e para a formação de profissionais mais qualificados, o ato de doar o próprio corpo ajuda a ressignificar a morte e a quebrar o tabu social em torno do tema.