03/09/2019 - 9:58
Dormir demais, ou muito pouco, pode aumentar o risco de ataque cardíaco, de acordo com um estudo da Universidade do Colorado em Boulder (EUA) envolvendo quase meio milhão de pessoas. O trabalho foi publicado em 2 de setembro no “Journal of American College of Cardiology”.
O alerta vale inclusive para pessoas que não fumam, exercitam-se e não têm predisposição genética para doenças cardiovasculares. Já no caso de indivíduos com alto risco genético de ataque cardíaco, dormir entre 6 e 9 horas noturnas pode compensar esse risco.
“Isso fornece algumas das provas mais fortes de que a duração do sono é um fator-chave no que diz respeito à saúde do coração, e isso vale para todos”, disse Celine Vetter, professora assistente da Universidade do Colorado e autora sênior do estudo.
LEIA TAMBÉM: Insônia pode aumentar risco de doença cardiovascular
Vetter e colegas do Massachusetts General Hospital (EUA) e da Universidade de Manchester (Reino Unido) analisaram as informações genéticas, hábitos de sono auto-relatados e registros médicos de 461 mil participantes do UK Biobank com idades entre 40 e 69 anos que nunca tiveram um ataque cardíaco. O estudo os seguiu por sete anos.
Comparados àqueles que dormiam de 6 a 9 horas por noite, os que dormiam menos de seis horas tinham 20% mais chances de sofrer um ataque cardíaco durante o período do estudo. Aqueles que dormiam mais de nove horas tinham chances 34% maiores.
Relação investigada
Nas pessoas com predisposição genética para doenças cardíacas, dormir entre seis e nove horas noturnas reduziu em 18% o risco de ter um ataque cardíaco.
Pesquisas anteriores sugeriram há muito tempo uma associação entre sono e saúde do coração, mas como esses estudos foram observacionais – olhando para diferentes grupos para ver quem desenvolve a doença –, ficava difícil determinar se o sono ruim causa problemas cardíacos ou vice-versa.
Para o novo estudo, os pesquisadores usaram o maciço conjunto de dados Biobank, do Reino Unido, e combinaram pesquisa observacional e genética para fazer a pergunta de uma maneira diferente.
Depois de levar em consideração 30 outros fatores (como composição corporal, atividade física, status socioeconômico e saúde mental), eles descobriram que a duração do sono, por si só, influenciou o risco de ataque cardíaco, independentemente desses outros fatores.
Riscos aumentados
Quanto mais as pessoas ficavam fora do intervalo de 6 a 9 horas, mais o risco aumentava. Por exemplo, pessoas que dormiam cinco horas por noite tinham um risco 52% maior de ataque cardíaco do que aquelas que dormiam de 7 a 8 horas. Já aquelas que dormiam 10 horas noturnas tinham duas vezes mais chances de sofrer um ataque cardíaco.
Usando um método chamado randomização mendeliana, os pesquisadores analisaram o perfil genético dos participantes para determinar se aqueles que eram geneticamente predispostos ao sono curto tinham maior probabilidade de sofrer ataques cardíacos. Vinte e sete variantes genéticas foram associadas ao sono curto.
Eles viram padrões semelhantes surgirem e descobriram que a duração curta do sono influenciada geneticamente era um fator de risco para um ataque cardíaco.
“Isso nos dá ainda mais confiança de que existe uma relação causal aqui – que é a duração do sono, e não outra coisa, influenciando a saúde do coração”, disse Vetter.