Seu peito aperta, você fica com dificuldade para recuperar o fôlego e a náusea começa a tomar conta. Você pode se sentir trêmulo ou desorientado. Já sentiu isso antes? Você pode ter tido um ataque de pânico, um ataque súbito de medo que resulta em sintomas físicos.

Mas, embora os ataques de pânico possam parecer inesperados, você pode prevê-los. “Um dos mitos sobre os ataques de pânico é que eles ocorrem ‘do nada’. Para a maioria das pessoas com transtornos de pânico, eles não são abruptos – a maioria de nós simplesmente desconhece os gatilhos”, explicou Kevin Chapman, diretor do Kentucky Center for Anxiety and Related Disorders.

Os três componentes de um ataque de pânico (cognitivo, físico e comportamental) podem nos ajudar a prever quando um está se formando. O cognitivo é o que alguém diz a si mesmo durante um ataque em andamento; o físico é como eles se sentem sobre o que está acontecendo no corpo; e o comportamental é como eles reagem.

“Na maioria das vezes, quando as pessoas têm um padrão de pânico, elas aprenderam associações que podem ser sutis, mas podem desencadear um efeito cascata”, disse Chapman.

Por exemplo, se seu coração pular uma batida ou você sentir aquele nó na garganta, ele pode ativar os componentes cognitivos, físicos e comportamentais e fazer com que o corpo entre no modo de luta ou fuga.

Como lutar geralmente não é uma opção, a maioria de nós tenta fugir. É por isso que um transtorno do pânico é frequentemente acompanhado de agorafobia, ou medo de estar em lugares lotados. “Começamos a pensar ‘aqui vamos nós de novo’ e isso nos coloca em um ciclo de pânico”, continuou Chapman.

Felizmente, parece que existe uma forma de prever os ataques de pânico. Um estudo de pré-impressão a ser publicado na JMIR Medical Informatics descobriu que dispositivos vestíveis podem verificar os sinais que o corpo emite antes de um ataque de pânico. E, ao saber quando eles estão chegando, você pode retardar ou interromper um ataque de pânico, segundo Chapman.

Os participantes do estudo usavam relógios inteligentes que coletavam dados sobre padrões de sono, frequência cardíaca, nível de atividade e pontuações de ansiedade e depressão. Os participantes também preencheram questionários regularmente ao longo de um ano. Usando esses indicadores, os pesquisadores conseguiram prever um ataque de pânico com até 81,3% de precisão.

Um estudo de 2016 publicado na revista PLOS ONE também usou questionários para prever um ataque, ao fazer perguntas como: “Nas últimas duas semanas, você teve um ataque de ansiedade ou uma sensação repentina de pânico?”, os pesquisadores foram capazes de discernir com 74% de precisão quem teria um ataque de pânico no futuro.

Como parar um ataque de pânico?

Para começar, é importante saber que os transtornos de pânico são genéticos. “Crianças que têm pais ansiosos são cerca de três a sete vezes mais propensas do que uma criança de pais não ansiosos a desenvolver um transtorno de ansiedade”, explicou Chapman.

Portanto, se você é um pai que sofre de ansiedade, é importante garantir que está procurando a ajuda de que precisa e modelando esse comportamento na frente de seus filhos. “O padrão-ouro quando se trata de tratar transtornos de pânico é a terapia cognitivo-comportamental”, disse ele.

A TCC envolve ensinar ao paciente que o pânico não vai matá-lo. Reconhecer que um ataque de pânico é inofensivo é o primeiro passo para reduzir o ciclo de ataques. Em seguida, os pacientes devem começar a monitorar a ocorrência de ataques em sua própria vida.

“Uma vez que você começa a monitorá-los, você percebe que eles não são inesperados e podem ser previstos com base nos estados de humor”, afirmou Chapman.

Outro aspecto importante da TCC é a reestruturação cognitiva, ou seja, ensinar o paciente a “descatastrofizar” seus pensamentos e entender que, por exemplo, “só porque estou com dificuldade para respirar, sei que não vou desmaiar”.

O aspecto final da terapia é a exposição, ou fazer com que uma pessoa enfrente seu medo. Chapman fez com que alguns pacientes tomassem um café expresso e depois dirigissem na estrada, colocando-se na situação que causa um ataque enquanto ajudava a reestruturar sua resposta. Ele observou, no entanto, que é extremamente importante procurar ajuda profissional antes de iniciar um tratamento de TCC como esse.

Em suma, dissecar um ataque de pânico faz parte da previsão de quando ele acontecerá e, finalmente, interromper o ciclo. Trata-se de ensinar às pessoas que seus piores pensamentos e medos dificilmente se tornarão realidade.

“No final, trata-se de entender que seus pensamentos são hipóteses, não fatos, o que nos permite ser mais racionais em nossas respostas”, concluiu Chapman.