Um fenômeno raro ocorre nos céus nesta quarta-feira, 19 de abril: um eclipse solar híbrido. Os brasileiros não poderão apreciá-lo em sua plenitude – isso só será possível para quem estiver na Austrália Ocidental, Timor Leste e ilhas indonésias orientais, que verão o eclipse total ou anular (no sudeste da Ásia, Austrália e Antártida, o eclipse será parcial). Mas, para quem tiver interesse, o Observatório Nacional fará a retransmissão do evento a partir das 22 horas (BRT) de 19 de abril por meio do projeto Céu em Sua Casa: observação remota. A retransmissão vai ser feita pelo canal do Observatório Nacional no YouTube e vai mostrar o eclipse em todas as suas fases, em tempo real – dependendo das condições de tempo nos locais onde estão as câmeras de transmissão.

Além da exibição do eclipse, os astrônomos amadores e profissionais que fazem parte do projeto vão conversar com o público sobre astronomia, astrofísica, telescópios e obtenção de imagens astronômicas, como é feito tradicionalmente nas observações públicas presenciais (saiba mais).

Segundo a drª Josina Nascimento, astrônoma do Observatório Nacional, um eclipse solar híbrido ocorre quando há uma mudança de eclipse total para eclipse solar anular à medida que a sombra da Lua corre sobre a Terra. Isso quer dizer que em alguns lugares os espectadores visualizarão um eclipse solar total e, em outros, um eclipse solar anular semelhante a um anel.

Observação por instrumentos especiais

“Tanto no eclipse total quanto no anular a Lua passa entre a Terra e o Sol, bloqueando toda ou a maior parte da luz do Sol em uma parte da superfície da Terra. A sombra mais escura, onde toda a luz solar é bloqueada, é chamada umbra. Em torno da umbra se define a sombra mais clara, a penumbra, onde a luz solar é parcialmente bloqueada e o eclipse é visto como parcial. Somente quem está em uma estreita faixa sobre a superfície da Terra vê o eclipse como total ou como anular. Essa faixa tem o nome de caminho do eclipse”, diz Josina.

O eclipse parcial terá início às 22h35 BRT em 19 de abril e terminará às 3h59 BRT em 20 de abril. Como o eclipse será visível primeiramente no Oceano Índico e depois no Pacífico, já será 20 de abril, horário local, durante o evento.

Apenas dois locais na Terra poderão observar a transição do eclipse de anular para total antes de voltar para anular novamente. No entanto, esses locais estão no meio do oceano.

Mesmo não sendo possível ver o eclipse híbrido do Brasil, é importante lembrar que a observação desse tipo de fenômeno somente pode ser feita com instrumentos especiais usados por astrônomos ou com técnica de projeção. Nunca se deve olhar diretamente para o sol nem mesmo com o uso de filme de raio X, óculos escuros ou outro material caseiro. A exposição, mesmo de poucos segundos, danifica o olho de modo irreversível.

Eventos desse tipo são raros. O último eclipse híbrido ocorreu em novembro de 2013, e o próximo eclipse solar híbrido só ocorrerá em novembro de 2031.