O eclipse solar total que ocorreu nesta segunda-feira, 8, possibilitou que pessoas na América do Norte visualizassem a sobreposição do sol pela lua. Entretanto, a experiência de observar tal fenômeno um dia irá acabar, já que o único satélite natural de nosso planeta se afasta cada vez mais da Terra. As informações são do New York Times.

Apesar disso, quem deseja presenciar um eclipse solar total pode ficar tranquilo, já que a lua só estará em uma distância grande o suficiente da terra que impossibilite a visualização do fenômeno em um futuro muito distante – cerca de milhões ou bilhões de anos.

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A lua se formou há cerca de quatro bilhões de anos, se afastando da Terra desde então. Acontece que, de acordo com o cientista da Universidade de Bangor, Mattias Green, o satélite natural do nosso planeta interfere nas marés com forças gravitacionais e é tal interação que faz as águas gerarem uma fricção no fundo dos oceanos e nas bordas dos continentes, fazendo com que a Terra gire mais lentamente em torno do próprio eixo.

Por conta dessas interações, a lua se move cada vez mais para fora da órbita da Terra. O cientista compara a situação com uma patinadora artística esticando seus braços e desacelerando. “É o mesmo princípio físico, mas ao contrário”, explica Mattias Green.

A hipótese de que a lua estaria se afastando da Terra surgiu pela primeira vez após pesquisas de George Darwin, um dos filhos de Charles Darwin, que publicou a sua teoria em 1879. A ideia só foi confirmada quase 100 anos depois, quando expedições americanas e soviéticas deixaram dispositivos retrorrefletores na superfície do astro. Pesquisadores conseguiam disparar um laser nos objetos e cronometrar o tempo de ida e volta da luz.

Foi pouco antes dos anos 70 que cientistas determinaram que a lua se afasta da Terra cerca de 3,8 centímetros por ano. Uma mudança considerada “extremamente pequena” pelo cientista planetário da Nasa, agência espacial americana, Robert Tyler.

Apesar disso, é difícil determinar em quanto tempo não ocorrerão mais eclipses totais, já que as órbitas da Terra, da lua e do sol não são constantes. A estimativa de 620 milhões de anos foi posta por especialistas que calcularam as variáveis do fenômeno. O número assume que a distância do afastamento do satélite natural e do nosso planeta não aumentará.

De acordo com Mattias Green, tal análise é muito simplista, já que a profundidade dos oceanos e as formas dos continentes pode variar com o tempo, alterando a distância de afastamento anual da lua.

Uma equipe de pesquisa da geologista Margriet Lantink, da Universidade de Wisconsin-Madison, sugere que a lua se afastou da Terra em distâncias diferentes ao longo do tempo.