Recentemente constatou-se que candidatos à presidência dos Estados Unidos podem viajar ao estrangeiro e oferecer apoio para ataques armados contra terceiros países. Estamos falando de Israel e do Irã, é claro. Em agosto, o candidato republicano Mitt Romney causou furor ao viajar a Jerusalém e prometer apoio americano a um eventual ataque israelense ao Irã – caso seja eleito. Imaginem a presidenta Dilma Rousseff ou o senador Aécio Neves visitando a Argentina e prometendo apoio a um bombardeio do Chile.

A promessa eleitoral americana, entretanto, é tímida diante da onda real de ataques cibernéticos desfechados em 2010 contra a usina de enriquecimento de urânio de Natanz, no Irã, que danificou milhares de centrífugas, quase provocando uma explosão. O malware Stuxnet lançado na central nuclear é um vírus de computador de sofisticação nunca vista. O sistema Siemens de segurança da usina não apenas foi subjugado pelo código malicioso como foi enganado sobre o funcionamento das máquinas até quase um desfecho sinistro.

Além do Stuxnet – cuja ação foi denunciada pelo jornalista norte-americano David Sanger, do The New York Times – outros vírus, como o Duqu, o Flame e o Madi, vêm sabotando indústrias de petróleo, empresas, bancos, embaixadas e órgãos de governo, da Geórgia ao Afeganistão. Contra os mísseis cibernéticos a indústria de informática tenta atualizar as defesas e recomenda a inclusão de mecanismos de imunização a vírus durante a fase de desenvolvimento dos softwares. O antídoto precisa ser embutido na gênese dos programas, não depois. Antivírus e firewalls tradicionais não funcionam.

O Brasil não está alheio a esse desdobramento alarmista de uma guerra fria que se julgava extinta – a ciberguerra – tema da nossa reportagem de capa. Até 2014 o Centro de Defesa Cibernética do Ministério da Defesa, em Brasília, contará com 130 militares e especialistas no assunto. A defesa das conexões brasileiras nas redes nacionais e globais é uma das prioridades. Durma-se com um barulho desses.

RICARDO ARTN

Diretor de Redação

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