28/11/2013 - 23:08
A educação tem um poder inigualável para reduzir a pobreza extrema e impulsionar metas de desenvolvimento amplas, afirma o Relatório de Monitoramento Global da Educação da Unesco, a ser divulgado em janeiro de 2014. Os dados provam que investir em educação, sobretudo para as meninas, alivia a pobreza extrema, garantindo benefícios substanciais para a saúde e a produtividade, assim como para a participação democrática. Para destravar o poder transformador da educação, porém, novas e mais amplas metas de desenvolvimento devem ser defi nidas, afim de garantir que todas as crianças se benefi ciem igualmente tanto do ensino fundamental quanto do ensino médio de boa qualidade. O relatório mostra que:
A educacao capacita mulheres. Meninas e jovens educadas sao mais propensas a conhecer seus direitos e a ter confi anca para pleitea-los.
1. Na Africa Subsaariana e no Sul e Oeste da Asia, 3 milhoes de meninas se casam aos 15 anos, abaixo da idade legal de matrimonio na maioria dos paises. Se todas concluissem o ensino fundamental, o numero de noivas criancas cairia quase meio milhao. Se completassem o ensino medio, o numero recuaria 2 milhoes.
2. Nessas regiões, 3,4 milhões de moças se tornam mães aos 17 anos. Se todas completassem o ensino fundamental, haveria 340 mil partos a menos nessa faixa etária, e a conclusão do ensino médio diminuiria em 2 milhões o total de nascimentos,
A educação promove a tolerância. A educação ajuda as pessoas a entender a democracia, promove uma base de tolerância e de confi ança e motiva a participação na vida política. Em 18 países da África Subsaariana, os eleitores com o ensino fundamental completo tendem 1,5 vez mais a apoiar a democracia do que os sem escolaridade. O nível dobra entre os formados no ensino médio. A conclusão do ensino médio também aumenta a tolerância com pessoas de religião ou língua diferente.
A igualdade na educação melhora as oportunidades de emprego e aumenta o crescimento econômico. Se todas as crianças tivessem acesso igual à educação, os ganhos de produtividade impulsionariam a economia.Para pessoas acima de 40 anos, a renda percapita seria 23% maior em um país com igualdade na educação.
Mais cuidados ambientais
A educação é parte da solução dos problemas ambientais. Pessoas com maior escolaridade são mais propensas a usar energia e água de modo mais eficiente e a reciclar lixo doméstico. Em 29 países, na maioria desenvolvidos, 25% das pessoas com ensino médio incompleto preocupam-se com o meio ambiente, ante 37% dos formados no ensino médio e 46% dos com ensino superior completo. Essa preocupação se traduz em ações positivas. Na Alemanha, 46% das pessoas com nível superior assinaram uma petição ou participaram de alguma manifestação ligada ao meio ambiente nos últimos cinco anos, ante 12% com ensino médio incompleto. A educação salva vidas de mães. Muitas mulheres ainda morrem de complicações durante a gravidez e o parto.
A educação pode evitar essas mortes ao ajudar as mulheres a reconhecer sinais de perigo, buscar cuidados e certifi car-se de que profi ssionais de saúde treinados estão presentes nos partos. Se todas tipara vessem concluído simplesmente o ensino fundamental, o número de mortes maternas cairia 189 mil por ano, dois terços do total.
Algumas doenças infantis são evitáveis, mas não sem educação. Soluções simples, como água potável e redes antimalária, podem evitar algumas das piores doenças de crianças, mas apenas se as mães aprendem a usá-las. Os casos de pneumonia, causa mais frequente de morte infantil, cairiam até 14% se as mulheres tivessem um ano extra de educação. Casos de diarreia, a terceira doença mais frequente, diminuiriam 8% se as mães concluíssem o ensino fundamental, ou 30%, se completassem o ensino médio.
A educação salva vidas de crianças. A educação ajuda as mulheres a reconhecer os sinais de doenças, buscar aconselhamento e agir contra ela. Se todas em países pobres concluíssem o ensino primário, a mortalidade infantil cairia um sexto, poupando quase 1 milhão de vidas a cada ano. A conclusão do ensino médio faria o total recuar 50%, salvando 3 milhões de vidas.
A educação combate a fome. O impacto devastador da desnutrição sobre a vida das crianças é evitável com a ajuda da educação. Se todas as mulheres concluíssem o ensino médio, saberiam os nutrientes de que as crianças precisam, as regras de higiene recomendáveis e teriam voz mais forte em casa para garantir bom atendimento. Com essa mudança, mais de 12 milhões de crianças não sofreriam de desnutrição na primeira infãncia.