Duas pesquisadores americanas – Anne Austin, da Universidade do Missouri em Saint Louis, e Marie-Lys Arnette, da Universidade Johns Hopkins – descobriram evidências de tatuagens nos corpos de mulheres que viveram há milhares de anos no Egito. Em artigo publicado na revista The Journal of Egyptian Archaeology, elas descrevem as tatuagens e refletem sobre os motivos de as mulheres tê-las.

As descobertas estão relacionadas à vila de Deir el-Medina, perto do rio Nilo, no Egito. A vila teve seu apogeu entre 1550 e 1070 a.C. e servia como uma comunidade para abrigar os homens (e suas famílias) que construíam túmulos para a realeza egípcia. Ao longo dos anos, descobriu-se que Deir el-Medina foi bem planejada, com ruas e casas para as pessoas que moravam lá.

Austin e Arnette estudavam duas múmias femininas retiradas de dois túmulos na cidade quando encontraram evidências de tatuagens. Um dos túmulos havia sido saqueado e a múmia, desembrulhada. Ao estudarem a pele mumificada, as pesquisadoras encontraram evidências de uma tatuagem. Elas conseguiram fazer representações de uma tigela, um ritual de purificação e uma representação de Bes, deus egípcio retratado como um anão gordo e barbudo cujo papel era proteger mulheres e crianças, principalmente durante o parto.

Outra das tatuagens descobertas. Crédito: Anne Austin

Representações de Bes

A segunda múmia, ainda embrulhada, foi estudada com o auxílio de fotografia infravermelha. Descobriu-se que se tratava dos restos mortais de uma mulher de meia-idade com outra tatuagem. Essa tatuagem mostrava um wedjat (olho de Hórus) e novamente Bes, desta vez usando uma coroa feita de penas. Uma linha em ziguezague abaixo das outras figuras provavelmente representava um pântano, onde as pessoas da época iam para se refrescar e às vezes aliviar a dor, como a sentida durante o parto. Para Austin e Arnette, as duas tatuagens parecem representar um pedido daquelas que as portavam para proteção durante o parto.

As pesquisadoras observam que figuras de barro também foram encontradas no local, representando tatuagens na parte inferior das costas e na parte superior das coxas de mulheres, que também tinham imagens de Bes.

“Como uma prática para as mulheres, a tatuagem revela algumas das questões importantes para as mulheres nessa vila e seus papéis lidando com essas questões”, disse Austin ao site IFLScience. “As tatuagens nos dão uma maneira de ver isso quando os textos são relativamente silenciosos.”