Uma equipe de pesquisadores da França, do Japão, da Alemanha e do Egito descobriu uma câmara anteriormente desconhecida na pirâmide de Quéops, em Gizé, no Egito. A existência de um espaço oco oculto nas proximidades de blocos em forma de V sobre a entrada já era aventada desde 2016, a partir de medições realizadas então. O status da pirâmide egípcia de 4.500 anos como uma das estruturas mais bem investigadas do mundo torna essa descoberta particularmente importante.

O anúncio da descoberta foi feito na quinta-feira (1º de março) pelo arqueólogo egípcio Zahi Hawass e o ministro do Turismo do país, Ahmed Eissa, numa cerimônia de inauguração fora da pirâmide. O projeto internacional ScanPyramids, que usa varreduras para observar seções inexploradas da estrutura antiga, recebeu os créditos pelo achado. Um artigo sobre a descoberta foi publicado na revista Nature Communications.

A pirâmide de Quéops é considerada a maior e mais antiga das pirâmides de Gizé. Como parte de uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, foi intensamente explorada, mas sua estrutura ainda guarda muitos segredos não descobertos.

Interior do corredor descoberto, em imagem da Universidade Técnica de Munique. Crédito: TUM

Suposição confirmada

Em 2016, várias medições feitas por pesquisadores japoneses e franceses forneceram evidências da existência da câmara. Integrante do ScanPyramids (criado em 2015) desde 2019, um grupo de pesquisa da Universidade Técnica de Munique (TUM, na Alemanha) o qual usa vários métodos de teste não destrutivos que permitem olhar para os blocos de pedra e as áreas atrás deles ajudou a provar a existência dessa câmara vazia. Eles recorreram a ultrassom e endoscopia para confirmar essa suposição.

O espaço oco está localizado acima da entrada original da pirâmide, que não é acessível ao público. Ele tem mais de 9 metros de comprimento e de 1,8 metro de largura.

“As pirâmides são um Patrimônio da Humanidade. Isso significa que devemos ter um cuidado especial ao conduzir nossas investigações para não danificar nada. Estamos trabalhando na pirâmide de Quéops com aparelhos de medição por radar e ultrassom que podem ser usados ​​em uma base não destrutiva e, em parte, até sem contato”, disse o prof. Christian Grosse, presidente de testes não destrutivos da TUM e um dos principais membros do projeto ScanPyramids.

Maior do que se esperava

Os dispositivos de medição iniciais forneceram uma boa primeira impressão da situação. Os cientistas então usaram a endoscopia para confirmar a suposição. A equipe encontrou uma abertura entre as pedras em forma de V, uma sólida construção de pedra, através da qual conseguiram passar um tubo para dentro da câmara. Eles então usaram esse tubo como guia para uma lente de câmera endoscópica. A câmera confirmou a existência do espaço oco.

“Descobrir um espaço oco em uma pirâmide já é algo especial. Mas o fato de essa câmara ser grande o suficiente para acomodar várias pessoas, bem, isso torna a descoberta ainda mais importante”, afirmou Grosse.

A câmara é maior do que os pesquisadores haviam assumido no passado. Os dados medidos originariamente apontavam para a existência de um corredor com pelo menos cinco metros de comprimento; no entanto, de acordo com estimativas iniciais, o comprimento da câmara é consideravelmente maior. Não há pegadas ou outras evidências de atividade humana dentro da câmara. Assim, o grupo de pesquisa assume que esse aposento não foi visto por ninguém nos últimos 4.500 anos.

Necessidade de mais estudos

“Existem dois grandes calcários na câmara final, e agora a questão é o que está por trás dessas pedras e abaixo da câmara”, disse Grosse. Determinar o propósito anterior da câmara recém-descoberta e o que está localizado atrás da parede do fundo da sala exigirá pesquisas adicionais.

As descobertas confirmadas destacam a necessidade de investigações mais aprofundadas das pirâmides egípcias e, em particular, o valor da nova abordagem usando uma combinação de várias tecnologias e procedimentos de teste.