Chilenos vão às urnas no domingo para escolher sucessor do presidente Gabriel Boric. Com cenário fragmentado, país terá provável 2º turno entre esquerda e coalizão de direita. Veja quem são os principais candidatos.Os chilenos vão às urnas neste domingo (16/11) para eleger um novo presidente em uma votação que coloca a atual coalizão governista de esquerda contra uma série de candidatos de direita. A votação ocorre em um momento em que o crime e a imigração estão entre as principais preocupações dos eleitores.

Esta será a primeira eleição presidencial do Chile desde 2012 em que o voto será obrigatório. Quem não votar estará sujeito a multa.

O país, com cerca de 16 milhões de pessoas aptas a votar, registrou uma taxa de abstenção de 53% no primeiro turno da eleição presidencial de 2021, o que faz com que a grande quantidade de cidadãos indiferentes ou indecisos que irão às urnas adicione um fator imprevisível à votação deste domingo.

Nenhum dos oito candidatos registrados na disputa deverá alcançar a maioria necessária para vencer em primeiro turno, o que provavelmente levará à realização de um segundo turno em 14 de dezembro.

Na lista dos principais candidatos, quatro são considerados os mais competitivos.

Entre eles estão a comunista Jeannette Jara e o candidato de ultradireita José Antonio Kast, que emergiram como os favoritos nas pesquisas, com campanhas focadas em segurança e propostas semelhantes que incluem o fortalecimento da polícia, a expansão da capacidade prisional do país, a modernização e aquisição de novos equipamentos e o treinamento das forças de segurança.

Abaixo, os principais candidatos à sucessão do presidente em fim de mandato, Gabriel Boric.

Jeannette Jara

Jara, de 51 anos, é membro do Partido Comunista e candidata da coalizão do governo liderada por Boric. Líder nas pesquisas de opinião, ela deve avançar para o segundo turno, mas enfrentará alguns obstáculos, incluindo a impopularidade do atual presidente, que não pode concorrer à reeleição, além de sua filiação ao Partido Comunista.

A ex-ministra do Trabalho promete aumentar o salário mínimo, fortalecer os direitos dos trabalhadores e impulsionar a indústria do lítio. Ela também se comprometeu a modernizar a polícia e construir novas prisões e modernizar a polícia.

José Antonio Kast

O advogado de 59 anos e candidato à Presidência pela terceira vez perdeu o segundo turno das eleições de 2021 para Boric. Fundador do Partido Republicano, de ultradireita, Kast colocou a imigração e a segurança no topo de sua agenda, com propostas para deportar em massa imigrantes irregulares e construir prisões de segurança máxima.

Filho de um tenente do Exército alemão que fugiu para a América do Sul após a Segunda Guerra Mundial, a filiação de seu pai ao Partido Nazista o prejudicou na última eleição, assim como o fato de seu irmão ter exercido um cargo de ministro durante a ditadura do general Augusto Pinochet

Johannes Kaiser

Kaiser, de 49 anos, compartilha a herança germano-chilena de Kast, assim como a formação em direito, e já foi membro do Partido Republicano, antes de deixar a legenda para formar o Partido Nacional Libertário.

O congressista de direita, que ganhou fama como YouTuber e é visto como um “Milei chileno”, disse que fecharia a fronteira com a Bolívia, deportaria imigrantes irregulares com antecedentes criminais para El Salvador, cortaria gastos e reduziria drasticamente o tamanho do Estado. Kaiser também prometeu retirar o país da Corte Interamericana de Direitos Humanos e do Acordo de Paris sobre o clima.

O candidato afirma que seu avô paterno fugiu do regime nazista para o Chile.

Evelyn Mathei

A economista de 72 anos é uma conservadora que era inicialmente uma das favoritas segundo as pesquisas, mas acabou perdendo popularidade.

Esta é a segunda candidatura presidencial da ex-prefeita e ex-ministra do Trabalho, após perder com 38% dos votos para Michelle Bachelet, do Partido Socialista, em 2013.

Nascida em Santiago, em 1953, Evelyn Matthei é filha de Fernando Matthei Aubel, um proeminente oficial militar durante o regime do ditador Augusto Pinochet. Durante o primeiro governo do presidente Sebastián Piñera (2010-2014), ela atuou como ministra do Trabalho e Previsão Social.

Possíveis cenários para o segundo turno

As pesquisas mostram que Jara e Kast são os mais propensos a avançar para a segunda rodada de votação de dezembro, com Kast e outros candidatos de direita favoritos para derrotar Jara em um segundo turno.

A eleição de dezembro também terá uma nova composição legislativa. A coalizão governista de esquerda do Chile é minoritária em ambas as casas do Congresso. A totalidade da Câmara dos Deputados, com seus 155 assentos, e 23 das 50 cadeiras do Senado estão em disputa.

Se a direita chilena vencer a presidência e o controle de ambas as casas legislativas, será a primeira vez desde o fim da ditadura de Pinochet, em 1990, que os conservadores terão maioria absoluta.

Se uma coalizão de direita alcançar uma maioria de quatro sétimos em ambas as casas – 89 no Congresso e 29 no Senado – poderá aprovar reformas constitucionais.

Colônia alemã em peso na eleição

“Danke schön” (“muito obrigada” em alemão), respondeu Evelyn Matthei, quando Johannes Kaiser interrompeu o último debate televisionado, realizado na segunda-feira, para cumprimentá-la e entregar-lhe uma rosa pelo seu aniversário de 72 anos.

Juntamente com Kast e Kaiser, ela também faz parte da comunidade alemã no Chile. Assim como a maior parte da colônia alemã no país, de cerca de 500.000 pessoas em uma população de 20 milhões de habitantes, os antepassados de Matthei chegaram ao sul do país no século 19.

rc/jps (Reuters, AP)