10/10/2025 - 16:26
Em viagem por Londres e pela capital alemã, secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, tenta financiamento para mecanismo a ser lançado oficialmente por Lula na COP30, em Belém.A um mês da abertura da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém, o governo do Brasil se esforça para obter mais adesões a uma iniciativa encabeçada pelo Brasil visando preservar as florestas tropicais do mundo. O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, sigla em inglês), destinado a recompensar países que mantêm suas florestas de pé, deve ser lançado oficialmente durante o evento.
O mecanismo foi o principal item na agenda do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, em sua viagem à Europa. Braço direito do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ele passou nesta semana por Londres e Berlim, buscando fazer os acertos finais para uma possível participação financeira dessas nações no fundo.
“Alemanha, Noruega e Reino Unido são os três países com quem a gente mais avançou nesse diálogo, e são os três países com que a gente gostaria de contar como cofundadores do fundo”, afirmou Durigan à DW Brasil nesta quinta-feira (09/10) em Berlim.
Ponta-pé de U$ 1 bilhão
Como um ponta-pé inicial da iniciativa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou no mês passado o investimento de 1 bilhão de dólares (cerca de R$ 5,4 bilhões) no TFFF. Mas a intenção é captar 25 bilhões de dólares nos primeiros meses, para posteriormente chegar à meta de 125 bilhões de dólares. E para isso é necessária a adesão de governos como investidores.
O mecanismo já tem o apoio de cinco países com florestas tropicais (Colômbia, Gana, República Democrática do Congo, Indonésia e Malásia) e de outros cinco potenciais investidores (Alemanha, Emirados Árabes Unidos, França, Noruega e Reino Unido). A expectativa é que na COP30 sejam anunciados novos aportes financeiros na ocasião do lançamento oficial do fundo.
E os últimos ajustes já estão sendo feitos para que isso ocorra. “Neste ano temos tido conversas frequentes, quase diárias, com Banco Mundial, com países europeus e com outros vários países da América do Norte, da Ásia, países do Golfo. E o que a gente tem percebido é que, agora na COP, com as questões técnicas resolvidas, a gente vai ganhar um impulso político para um importante anúncio a ser feito pelo presidente Lula”, assegurou Durigan.
Fundo não requer doação
Ele destaca que o fundo tem caráter inovador, diferindo de outras iniciativas do tipo por ser projetado como um apoio às florestas tropicais de caráter permanente e um mecanismo em que os financiadores não fazem doações, mas investem, com expectativa de retorno.
“O TFFF é uma espécie de instrumento financeiro que endereça o desafio da mudança climática que tem duas grandes características. A primeira é que ele, uma vez constituído, se pereniza no tempo – por isso o nome ‘para sempre’ do fundo. Mas a gente precisa de um impulso inicial, tanto dos países que a gente deseja como cofundadores junto ao Brasil quanto do mercado financeiro. E assim, ele tem total condição de passar a ser um instrumento permanente de suporte e de apoio financeiro às florestas tropicais”, disse Durigan.
“E o segundo elemento fundamental é que ele foge do que é tradicional e já conhecido no ambiente do multilateralismo, por constituir um investimento e não uma doação. No caso do TFFF estamos falando de um investimento em prol das florestas tropicais no mundo, onde haverá um pagamento de juros para os investidores”, sublinhou.
Além de ter tido conversas com representantes de governos e de entidades do mercado financeiro em Londres e Berlim, Durigan participou nesta quarta-feira de um painel de discussão na capital alemã sobre as relações entre a Europa e a América do Sul.
Debate
O evento, promovido pela Embaixada do Brasil em Berlim em cooperação com a Fundação Friedrich Ebert (FES) – ligada ao Partido Social Democrata da Alemanha (SPD) –, reuniu acadêmicos, sindicalistas, representantes de indústrias e da diplomacia alemã. Entre os participantes, também esteve o presidente do PT, Edinho Silva, que visitou Berlim a convite da FES.
Proteção climática, sustentabilidade, transição energética, justiça social, defesa da democracia, extremismo de direita, laços comerciais e multilateralismo nas relações internacionais de ambos os continentes estiveram entre os principais tópicos abordados na mesa-redonda. O debate foi mais uma oportunidade para que Edinho e Durigan promovessem na capital alemã não só a COP30 em Belém como o FTTT.