O renomado cientista inglês Isaac Newton, conhecido por formular as leis do movimento e da gravidade, previu que o mundo como o conhecemos acabaria em 2060. Há mais de 300 anos, ele escreveu essa projeção ameaçadora, junto a uma série de cálculos matemáticos.

Apesar de nem sempre manter bons laços com a instituição da Igreja devido às práticas científicas, Newton era consideravelmente religioso. Ele acreditava em visões bíblicas do Apocalipse – especificamente na Batalha do Armagedom – e baseou sua previsão em uma interpretação protestante da Bíblia.

A guerra na qual o cientista acreditava é descrita no último capítulo do Livro do Apocalipse e coloca as forças do bem (lideradas por Deus) contra as forças do mal (lideradas pelos reis da Terra). As escrituras afirmam que essa batalha marcaria o fim do mundo, inaugurando uma nova era de paz trazida por Deus.

Newton usou matemática e datas da história bíblica para calcular a chegada do apocalipse, interpretando os dias mencionados nas escrituras como anos. Para ele, esses períodos de tempo, especificamente 1260 anos, representavam o período de abandono da Igreja e a ascensão de religiões trinitárias “corruptas” – principalmente o catolicismo, que alguns protestantes vêem como um culto.

O cientista estudou história para determinar a data precisa em que esse “abandono eclesiástico” começou oficialmente, e fixou-se em 800 d.C. – o ano em que o Sacro Império Romano foi fundado. O ano 800 d.C. mais 1.260 deu a Newton o ano 2060.

‘Então o tempo tempos e metade de um tempo são 42 meses ou 1260 dias ou três anos e meio, calculando doze meses para um ano e 30 dias para um mês, como era feito no calendário do ano primitivo’, diz a carta de 1704

‘E os dias das Bestas de vida curta sendo colocados como os anos de reinos vividos – o período de 1260 dias – se datado da conquista completa dos três reis em 800 d.C., terminará em 2060 d.C. Pode terminar mais tarde, mas não vejo razão para terminar mais cedo.’

Stephen D. Snobelen, professor de história da ciência e tecnologia na Universidade do King’s College, em Halifax, disse ao MailOnline que a previsão de Newton “não envolveu o uso de algo tão complicado quanto o cálculo, que ele inventou, mas sim uma aritmética simples que poderia ser realizada por uma criança”.

Newton usou 1260, 1290, 1335 e 2300 dias encontrados no Livro de Daniel e Apocalipse, que discutem o fim e o início de certos tempos. No entanto, ele os considerou como anos usando o princípio do “dia por um ano”, um método usado para interpretar profecias bíblicas que afirma que a palavra “dia” simboliza um ano.

No Livro do Apocalipse, Cristo e os santos interviriam para estabelecer um Reino global de Deus que reinaria por 1000 anos na Terra, de acordo com Snobelen. Newton também acreditava que nessa época, ramos corruptos do cristianismo cairiam, e o verdadeiro Evangelho seria pregado abertamente.

Mas, apesar de seus esforços para prever o fim do mundo, Newton estava “cauteloso com a definição de datas proféticas” e “preocupado que o fracasso de previsões humanas falíveis baseadas na profecia divina pudesse desacreditar a Bíblia”, ponderou Snobelen. O cientista até questionou sua própria previsão de que o mundo terminaria em 2060.

“Pode acabar mais tarde, mas não vejo razão para acabar antes”, escreveu Isaac Newton.

Em outra previsão que faz referência à data de 2060, ele declarou: “Não menciono isso para afirmar quando será o tempo do fim, mas para pôr fim às conjecturas precipitadas de homens fantasiosos que frequentemente preveem o tempo do fim, e ao fazer isso, desacreditam as profecias sagradas sempre que suas previsões falham.”

Hoje, pode parecer contraintuitivo que um cientista esteja tão preocupado com profecias bíblicas, mas de acordo com Snobelen, Newton não era um “cientista” no sentido moderno do termo. Em vez disso, ele era um “filósofo natural”.

“Praticada da Idade Média até o século XVIII, a filosofia natural incluía não apenas o estudo da natureza, mas também o estudo da mão de Deus trabalhando na natureza”, acrescentou.

“Para Newton, não havia barreira impermeável entre religião e o que hoje chamamos de ciência. Ao longo de sua longa vida, Newton trabalhou para descobrir a verdade de Deus — seja na Natureza ou nas Escrituras”, concluiu o professor.