É sabido que para firmas pioneiras chefiadas por mulheres, é bem mais difícil conquistar investidores. Mas estudo de universidade suíça trouxe surpresa: empreendedoras atraentes têm 20% mais chances do que suas colegas.Pesquisas comprovam que fundadoras de startups enfrentam desvantagem gritante em relação a seus colegas homens, no que concerne a aquisição de capital, afirma o professor Robert Schreiber, da Universidade de St. Gallen, na Suíça, com base num estudo objetivo que realizou. Um dos principais motivos é que “quase 80% dos que investem nessas empresas pioneirismo são homens”, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa.

“Isso gera efeitos em rede, naturalmente, com os investidores do sexo masculino também tendendo a patrocinar fundadores do mesmo gênero.” No fim das contas, os homens obtêm quase 50 vezes mais capital de risco do que suas contrapartes femininas nas empresas novatas.

Por outro lado, para surpresa de seus autores, o estudo coordenado por Schreiber revelou que as mulheres têm um trunfo perante os investidores: se são atraentes, têm maior chance de uma concessão de capital.

Fundadoras de startups enfrentam questionamento mais rigoroso

A partir de numerosas conversas com fundadoras, presidente da Associação das Empreendedoras Alemãs (VdU), Christina Diem-Puello, sabe perfeitamente que firmas sob chefia feminina têm mais problemas para obter financiamento, “sobretudo quando se trata de quantias maiores, pois as equipes masculinas conseguem, em média, quase nove vezes mais do que as femininas”.´

Devido a esse gender gap inegável, portanto, as empreendedoras ficam em desvantagem em relação ao outro sexo. Diem-Puello está convencida de que a constituição das equipes de investidores – via de regra, exclusivamente masculina – resulta definitivamente em prejuízo para as fundadoras: “Nesse ponto, os preconceitos subconscientes também costumam influenciar, não devendo ser subestimados.”

Um indicador seria que “as mulheres são confrontadas pelos investidores com outro tipo de perguntas: 84% das empreendedoras me contam que são interrogadas mais criticamente do que seus colegas homens”.

A fundadora Friederike Kogelheide, de Bochum, teve exatamente essa experiência. Com sua startup Glim Skin, ela lançou um aparelho cosmético eletrônico que aposta na ação antimicrobiana do plasma frio.

Nas fases iniciais da empresa, ela ainda tinha um homem na equipe. Embora ele só fosse responsável pelo marketing, “os investidores o percebiam como chefe da startup e o indagavam diretamente sobre os detalhes tecnológicos” – e não Kogelheide, que desenvolvera o aparelho.

Ela não se espanta mais em ser avaliada diferente dos homens, mas recomenda urgentemente que os investidores “se concentrem no produto, e não no apresentador”.

Afinal, beleza é documento?

Em questão de financiamento, contudo, pode fazer uma grande diferença para as empreendedoras, quem apresenta o produto. Assim concluiu a pesquisa do Global Center for Entrepreneurship and Innovation da Universidade de St. Gallen. Sua meta era analisar como os investidores se comportam quando o mesmo programa empresarial lhes é exposto por duas mulheres diferentes.

A 111 experientes investidores de capital inicial do sexo masculino – assim chamados business angels e venture capitalists – apresentou-se um caso real de startup: fundado três meses antes do estudo, ele “criara um algoritmo, assistido por inteligência artificial, para reconhecer tumores em imagens”. Para investidores, uma ideia comercial promissora.

Num dos casos, a startup foi apresentada por uma atriz atraente, no outro, por uma menos. Cabia aos participantes julgarem a competência das fundadoras. Só no fim lhes perguntaram quão atraentes achavam as jovens empreendedoras.

Hormônios reveladores

Pesquisas científicas já mostraram que a liberação dos hormônios cortisol (do estresse) e testosterona (sexual) intensifica o comportamento de risco – o que neste caso podia se refletir numa maior disposição ao investimento.

Então, no experimento em questão, mediram-se os níveis desses dois hormônios antes e depois da apresentação. Robert Schreiber faz questão de enfatizar que essa prática “foi fiscalizada minuciosamente por uma comissão de ética”.

Ele admite que o resultado surpreendeu, pois, “contrariando as nossas expectativas, a atratividade física teve um efeito positivo”: “De fato, ao ponto de a empreendedora atraente ter 21% mais probabilidade de obter investimentos, comparada com a um tanto menos atraente.”

Já para Christina Diem-Puello, não houve grandes surpresas, pois “também em 2024 os papéis tradicionais continuam tendo forte influência”. Como conclusão prática de sua análise, os autores pleiteiam que, no futuro, as equipes de investidores sejam mistas, de modo a evitar distorções ditadas pelo gênero.