22/01/2020 - 22:18
Quatro novas espécies de tubarões tropicais que usam suas barbatanas para andar estão causando um rebuliço nas águas do norte da Austrália e da Nova Guiné. Embora isso possa causar medo no coração de algumas pessoas, pesquisadores da Universidade de Queensland (Austrália) dizem que as únicas criaturas com motivos de preocupação são pequenos peixes e invertebrados. O estudo a seu respeito foi publicado na revista “Marine and Freshwater Research“.
Os tubarões foram descobertos durante um estudo de 12 anos com a ONG Conservation International, a Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO, o órgão nacional para pesquisa científica na Austrália), o Museu de História Natural da Flórida, o Instituto Indonésio de Ciências e o Ministério Indonésio de Assuntos Marinhos e Pesca.
Christine Dudgeon, da Universidade de Queensland, disse que os tubarões com padrões ornamentais são os principais predadores nos recifes durante as marés baixas, quando usam suas nadadeiras para andar em águas muito rasas.
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“Com menos de um metro de comprimento, em média, os tubarões caminhantes não ameaçam as pessoas, mas sua capacidade de resistir a ambientes com pouco oxigênio e andar nas nadadeiras lhes dá uma vantagem notável sobre suas presas de pequenos crustáceos e moluscos”, disse Dudgeon. “Essas características únicas não são compartilhadas com seus parentes mais próximos, os tubarões-bambu, ou parentes mais distantes da ordem dos orectolobiformes, incluindo wobbegongs e tubarões-baleia.”
Isolamento genético
As quatro novas espécies quase dobraram o número total de tubarões caminhantes conhecidos para nove. Segundo Dudgeon, elas vivem em águas costeiras ao redor do norte da Austrália e da ilha da Nova Guiné e ocupam sua própria região.
“Estimamos a conexão entre as espécies com base em comparações entre o DNA mitocondrial que é transmitido através da linhagem materna. Esse DNA codifica as mitocôndrias, que são as partes das células que transformam oxigênio e nutrientes dos alimentos em energia para as células”, disse Dudgeon.
“Os dados sugerem que as novas espécies evoluíram depois que os tubarões se afastaram de sua população original, se tornaram geneticamente isolados em novas áreas e se desenvolveram em novas espécies”, acrescentou ela. “Eles podem ter se movido nadando ou andando em suas nadadeiras, mas também é possível que eles ‘pegaram’ uma carona em recifes que se moviam para o oeste através da costa norte da Nova Guiné, cerca de 2 milhões de anos atrás. Acreditamos que ainda existem mais espécies de tubarões caminhantes à espera de serem descobertas.”
Segundo a cientista, estudos futuros ajudarão os pesquisadores a entender melhor por que a região abriga algumas das maiores biodiversidades marinhas do planeta.