26/08/2025 - 13:24
Membro do governo da Alemanha havia proposto uma idade mínima para uso de plataformas. Mas representantes da sociedade civil alertam que problema é mais complexo e requer educação e ambientes digitais seguros.Entidades de defesa dos direitos da criança na Alemanha receberam com reservas a proposta de um membro do governo de introduzir uma idade mínima para uso de redes sociais.
A ideia, já adotada em países como a Austrália, havia sido ventilada pelo comissário federal encarregado do combate ao vício e às drogas, Hendrik Streeck, sem citar uma idade específica.
“Está provado cientificamente que crianças e jovens que consomem altas quantidades de conteúdos impróprios para sua faixa etária são mais propensas a comportamentos de risco, como vício e consumo problemático de drogas”, justificou o político conservador em entrevista publicada na segunda-feira (25/08) no jornal alemão Rheinische Post.
A introdução de regras mais rígidas para o uso de redes como o TikTok e o Instagram está atualmente em estudo pelo Ministério da Educação.
Vice-presidente do Kinderschutzbund, ONG de defesa dos direitos da criança e do adolescente, Joachim Türk não rechaçou a ideia por completo e a considerou sensata para “evitar um consumo de mídia problemático”.
Türk, porém, ponderou que uma medida dessas por si só não resolve o problema e só faria com que esses jovens adentrassem o mundo adulto no futuro completamente despreparados. “Uma ideia seria introduzir uma disciplina obrigatória de letramento midiático”, sugeriu em entrevista ao grupo RND.
Crianças têm que ser protegidas, frisou Türk, mas também têm direito a participar do mundo digital – em ambientes seguros. “A internet por enquanto só tem poucos lugares seguros”, disse.
“Não é um jeito respeitoso de lidar com os jovens”
Ponderação semelhante foi feita pela associação “Ativos Contra o Vício em Mídias”, que defendeu a necessidade de mais educação e mais regulamentação para tornar as redes mais seguras. Com essas medidas, o grupo ressaltou que um limite escalonado de idade para as redes poderia fazer sentido.
Para a presidente da Associação Social da Alemanha (SoVD), Michaela Engelmeier, em vez de limites de idade, jovens precisam de bons exemplos de pessoas com hábitos digitais saudáveis, educação sobre o tema nas escolas e participação nas discussões sobre soluções.
“Os desafios da digitalização são irreversíveis. Uma idade mínima pode soar razoável, mas não é um jeito respeitoso de lidar com os jovens”, disse ela.
ra (AFP, ots)