Radicalização e antissemitismo são cada vez mais comuns no meio acadêmico, impulsionados pela guerra na Faixa de Gaza. Associações de estudantes pedem ações das autoridades para punir extremistas e coibir a violência.O ambiente nas universidades alemãs vem se tornando cada vez mais radicalizado, com frequentes ataques a alunos de origem judaica e protestos violentos contra Israel, alertaram neste sábado duas das principais associações de estudantes da Alemanha.

O Círculo de Estudantes Democratas-Cristãos (RCDS) e a União de Estudantes Judeus da Alemanha (JSUD) denunciaram uma crescente “radicalização anti-Ocidente” no meio acadêmico, impulsionada por uma reação à ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza, na guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas.

Um comunicado conjunto das entidades estudantis afirma que a “exclusão de colegas pró-democracia de eventos, manifestações que questionam o direito de Israel de existir e ataques físicos contra estudantes judeus caracterizam o cotidiano do discurso nas universidades”.

As duas associações afirmam que a cultura do livre debate nas universidades está sob ataque de grupos de estudantes antidemocratas, “independentemente de suas opiniões políticas”, e alertam para a maior influência de estudantes extremistas no ambiente acadêmico.

“Nossas universidades deveriam ser um lugar de troca de opiniões e debates, mas, infelizmente, se tornam cada vez mais centros de radicalização antiocidental”, diz a nota. As entidades consideram inaceitável que as universidades virem “lugares onde organizações terroristas islamistas são legitimadas”, e pediram uma “mudança de rumo na política de educação” do país.

Essa mudança, segundo as associações, devem estar associadas a uma “política consistente contra tendências extremistas nas universidades alemãs”. Elas sugerem que seja permitido cancelar as matrículas de alunos extremistas, assim como demitir funcionários radicalizados.

A frequência de delitos antissemitas registrados na Alemanha dobrou desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro do ano passado, segundo o Departamento Federal de Investigações (DKA) da Alemanha.

Atos de violência

Na semana passada, o estudante judeu Lahav Shapira, da Universidade Livre de Berlim (FU), foi hospitalizado com fraturas no rosto. Um colega alemão pró-Palestina de 23 anos é acusado de agredi-lo a golpes e chutes no bairro de Berlin-Mitte. A Promotoria Pública trata o caso com um ataque deliberado de cunho antissemita contra o jovem.

Nesta sexta-feira, a FU proibiu o agressor de entrar todo o campus durante um período de três meses que poderá ser ampliado. A punição não inclui as aulas online. O reitor da universidade avalia a possibilidade de cancelar a matrícula do jovem.

Professores e funcionários da Universidade de Artes de Berlim (UdK), onde também ocorreram atos de violência, publicaram recentemente uma declaração condenando o antissemitismo. Contudo, os protestos pró-palestina e as hostilidades entre os estudantes se tornaram comuns em muitas universidades pelo país.

Após os incidentes em Berlim, o comissário do governo federal para o antissemitismo, Felix-Klein, cobrou ações das autoridades da capital e disse que é preciso “implementar concretamente os mecanismos legais há muito existentes e tomar ações decisivas contra a hostilidade a Israel e o ódio aos judeus nos campi”.

A ofensiva terrestre e os bombardeios israelenses em Gaza mataram mais de 28 mil palestinos, segundo dados do Ministério da Saúde local. Os ataques terroristas do Hamas em solo israelense deixaram mais de 1,2 mil mortos.

rc (KNA, DPA)