11/07/2021 - 9:35
Enquanto humanos e outros animais continuam lutando contra a covid-19, uma nova epidemia parece ter atingido várias espécies de pássaros na América do Norte.
Nos Estados Unidos, pessoas têm encontrado pássaros mortos por toda parte. As aves parecem estar sendo atingidas por uma onda de doenças misteriosas desde abril.
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Ornitologistas (especialistas em pássaros) dizem que as aves mortas ou doentes tendem a ter olhos inchados, bem como problemas neurológicos que parecem provocar uma perda de equilíbrio.
“Não é incomum ver pássaros com problemas nos olhos”, diz Jim Monsma, diretor e fundador do centro de resgate de animais City Wildlife em Washington, D.C.
Monsma trabalha na proteção e reabilitação animal em áreas urbanas há 25 anos, especialmente na área de D.C. Mas levou um tempo para que ele e seus colegas percebessem que o que estavam vendo “não era comum”. “A princípio, não sabíamos que estávamos lidando com uma epidemia”, diz Monsma.
Em busca da causa
Eles acreditam agora que várias espécies de pássaros estejam contraindo uma estranha doença há cerca de dois meses. A enfermidade provavelmente se espalhou por pelo menos 965 quilômetros a partir da capital americana, pelas regiões do centro-oeste dos Estados Unidos e no estado de Indiana.
O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) publicou um relatório sobre as misteriosas mortes de pássaros no início de junho. Os detalhes permanecem nebulosos, mas os especialistas continuam tentando rastrear as origens da epidemia.
“A primeira que vimos foi em abril. No início de junho, começamos então a enviar os pássaros a um centro de animais, onde todos ficaram alarmados ao ouvir os números na época. Agora, chegamos a pouco menos de 200 que estão infectados”, diz Monsma.
Ainda sem respostas
Centros de animais têm examinado as aves em busca de uma possível causa de morte ou doença, mas os testes até agora foram inconclusivos.
“O Nilo Ocidental [vírus] está descartado… Tudo foi descartado. Até o momento, ainda não sabemos”, disse Monsma, citando testes conduzidos pela diretora da clínica de vida selvagem Wildlife, Cheryl Chooljian.
O Serviço Geológico americano também se diz perplexo com a epidemia. “Neste momento, o USGS não tem nenhuma atualização além do comunicado interagências”, diz Marisa Lubeck, porta-voz do departamento.
Teorias para a doença
Os especialistas ainda têm suas teorias. Uma delas relaciona a doença com a chegada das cigarras Brood-X, que surgiram por volta do final de abril e início de maio – mesma época em que se começaram a notar os pássaros mortos.
É apenas uma teoria, mas é algo com que trabalhar, dizem os ornitólogos. E a pesquisa contínua é importante, pois uma outra gripe aviária poderia ser muito perigosa também para as pessoas.
“Estamos perdendo nossa população de pássaros em uma taxa alarmante”, alerta Monsma, citando espécies como estorninhos, gaios-azuis e outras.
“Cerca de um terço das espécies nos EUA está diminuindo rapidamente. Isso está se espalhando para outras”, diz ele. “E certamente não podemos descartar a possibilidade de que possa se espalhar para os humanos.”
Monsma conta que, histórica e atualmente, “quando vemos um surto entre animais, isto é motivo de preocupação. É algo que não devemos ignorar”.
Não alimente os pássaros
Mas ainda existe esperança para as aves: a quantidade de pássaros doentes reportados ao City Wildlife diminuiu nas últimas duas semanas. Para eliminar a propagação da doença entre várias espécies, diz Monsma, a City Wildlife pediu ao distrito de D.C., assim como aos estados de Maryland e Virginia, para que tomassem precauções e atuassem na remoção de comedouros e fontes para pássaros. Alguns residentes já se livraram deles, enquanto outros adotaram estratégias alternativas, como colocar esqueletos de pássaros nos comedouros para espantar os visitantes regulares.
O Serviço Geológico dos Estados Unidos recomenda a todos que parem de alimentar os pássaros até que a epidemia termine. Se houver comedouros e fontes, eles devem ser limpos com uma solução alvejante a 10%. Animais de estimação também devem ser mantidos longe de aves doentes ou mortas.
Mas mesmo com o número de infecções diminuindo, ainda não há um fim à vista. Especialistas dizem que a população pode ajudar ao aderir às medidas cautelares para conter a doença antes que seja tarde demais.