As Montanhas Ciclope, na Indonésia, são um território tentador e perigoso para os cientistas. O local foi palco para duas descobertas inéditas que mostraram o potencial de sua vida selvagem.

Em 2023, um grupo de pesquisadores se deparou com um camarão que vive em árvores na região montanhosa da Papua. O processo de adaptação do crustáceo ainda não foi completamente identificado pelos especialistas, mas a hipótese principal aponta que diferente dos grupos conhecidos, que respiram por brânquias, esses exemplares dependem da água presente na chuva ou na umidade.

“Ficamos bastante chocados ao descobrir esse camarão no coração da floresta, porque é um afastamento notável do habitat costeiro típico desses animais. Acreditamos que o alto nível de precipitação nas Montanhas Ciclope significa que a umidade é alta o suficiente para que essas criaturas vivam inteiramente em terra”, declarou o entomologista e membro da excursão, Dr. Leonidas-Romanos Davranoglou, em um comunicado oficial.

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Além da nova espécie de crustáceo, a expedição entrou para a história por capturar imagens da equidna de bico longo de Attenborough (Zaglossus attenboroughi), considerada extinta desde a década de 1960. O monotremata foi filmado durante uma aparição surpresa na qual o animal aparece depositando alguns ovos.

Ambas as descobertas foram notadas pela comunidade científica e divulgadas depois que os pesquisadores passaram por diversos desafios para registra-las. Davranoglou teve seu braço quebrado em dois lugares, outro membro de sua equipe contraiu malária e um terceiro teve uma sanguessuga presa no olho por um dia e meio antes que médicos pudesse removê-la.

Equidna de bico longo de Attenborough Foto: Expedition Cyclops

Embora seja uma experiência perigosa, a região guarda vários achados e materiais ainda não encontrados, ressaltando sua importância para a biologia terrestre.

“Mesmo que alguns descrevam a [Montanha] Ciclope como um ‘Inferno Verde’, acho a paisagem mágica, ao mesmo tempo encantadora e perigosa, como algo saído de um livro de Tolkien. Nesse ambiente, a camaradagem entre os membros da viagem era fantástica, com todos ajudando a manter a moral elevada.”, relatou James Kempton, estudioso da Universidade de Oxford e líder da expedição.