A Península Antártica ficará sujeita nos próximos anos ao aparecimento de espécies invasoras, e algumas delas podem ter efeitos devastadores nos frágeis ecossistemas marinhos e terrestres polares, alerta um estudo divulgado hoje (13 de janeiro) em Londres.

A pesquisa, publicada na revista “Global Change Biology”, identifica espécies não nativas com maior probabilidade de invadir a Península Antártica nos próximos dez anos, fornecendo dados para que sejam tomadas medidas de redução do fenômeno.

O principal autor do estudo, Kevin Hughes, investigador ambiental do British Antarctic Survey (com base em Cambridge, trata dos interesses do Reino Unido na Antártida), trabalhou com uma equipe internacional de investigação para identificar espécies não nativas com maior probabilidade de ameaçar a biodiversidade e os ecossistemas da região da Península Antártica, a partir da análise de centenas de trabalhos acadêmicos, relatórios e bases de dados. Das 103 espécies consideradas em detalhe, 13 foram classificadas como maiores ameaças.

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Turismo também representa perigo

“A região da Península Antártica é de longe a parte mais movimentada e mais visitada da Antártida”, disse Kevin Hughes. “Devido ao crescimento do turismo e às atividades da investigação científica, espécies invasoras podem ser transportadas para a Antártida de muitas maneiras diferentes. Os visitantes podem transportar sementes e solo não estéril agarrados às roupas e ao calçado. Cargas importadas, veículos e suprimentos de alimentos frescos podem esconder espécies, incluindo insetos, plantas e mesmo ratos. As espécies marinhas são um problema particular, já que podem ser transportadas para a Antártida agarradas aos cascos dos navios. Podem ser muito difíceis de remover, uma vez instaladas.”

Os responsáveis pela investigação disseram que invertebrados marinhos – como mexilhões e caranguejos – são espécies com grande probabilidade de invadir a região, mas na lista estão também plantas com flores, ácaros e mesmo coqueiros.

Algumas das ilhas subantárticas, como Marion ou Geórgia do Sul, já foram invadidas por ratos e outros vertebrados. Os investigadores ainda acreditam que as condições na região vão continuar demasiado extremas para permitir que os ratos proliferem ao ar livre, embora possam sobreviver nas construções.

 

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