06/03/2025 - 18:56
Arqueólogos israelenses encontraram um esqueleto de 1,5 mil anos durante escavações no monastério bizantino de Khirbat el-Masani, perto de Jerusalém. Identificada como pertencente a uma mulher, a ossada foi encontrada dentro de um túmulo do século V, enrolada em correntes pesadas.
Os especialistas imaginavam que se tratava de um monge ascético – figura comum ao Império Romano em 380 d.C., quando o cristianismo foi impelido como a religião oficial. Essas pessoas recusavam os prazeres materiais em busca do aperfeiçoamento espiritual, inclusive fazendo uso do autoflagelo.
Uma das técnicas de martírio era o fardo de carregar correntes pesadíssimas ao redor do corpo. A prática era normalmente associada a homens, o que levou os arqueólogos a pensar que o esqueleto descoberto fosse do sexo masculino, tendo entre 30 e 60 anos de idade no momento da morte.
Porém, estudos aprofundados sobre os peptídeos presentes no esmalte dentário da ossada revelaram que tratava-se de uma mulher.
Os cientistas sabiam que no cromossomo Y está o gene AMELY, enquanto no cromossomo X existe o gene AMELX. Com isso em mente, eles se surpreenderam ao notar que o AMELY não havia sido identificado nos restos mortais – diferente do AMELX, que logo foi detectado.
Sem a constatação do gene característico ao cromossomo Y (presente em pessoas do sexo masculino), foi entendido que aquele indivíduo teria sido uma mulher.
Porém, os estudiosos ressaltaram que a constatação de que o esqueleto é biologicamente do sexo feminino não implica nada sobre o gênero do indivíduo, que poderia ter outra identificação.
“É importante notar que nossos resultados mostram apenas identificação biológica do sexo e não preferência de gênero”, escreveram no Journal of Archaeological Science: Reports.
Apesar de tudo, a descoberta foi inesperada pelos cientistas. A adesão de mulheres ao ascetismo não era usual, especialmente com métodos de flagelo tão severos como o uso de correntes. Eles advertem que o achado reconfigura os estudos acerca do assunto, evidenciando novas implicações sociológicas.